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    Conterrâneos Velhos de Guerra
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    3,4
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    Adriano Côrtes Santos
    Adriano Côrtes Santos

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    5,0
    Enviada em 11 de dezembro de 2024
    O documentário Conterrâneos Velhos de Guerra (1990), de Vladimir Carvalho, revela uma história pouco conhecida e profundamente marcante sobre a construção de Brasília, desafiando a imagem idílica da cidade planejada por Juscelino Kubitschek, Lúcio Costa e Oscar Niemeyer. Carvalho investiga o levante dos operários no carnaval de 1959 contra as péssimas condições de trabalho no canteiro de obras da construtora Pacheco Fernandes, que resultou em um massacre cometido pela Guarda Especial. O filme foca nos trabalhadores, conhecidos como "candangos", que enfrentaram condições desumanas, mortes em acidentes de trabalho e uma constante omissão das autoridades e dos responsáveis pela construção da cidade.

    Em sua pesquisa, Carvalho destaca relatos de maus-tratos, acidentes fatais e a omissão sistemática desses fatos, com o intuito de não prejudicar a imagem da nova capital. O documentário expõe o contraste entre o brilhantismo arquitetônico e a realidade cruel enfrentada pelos trabalhadores que tornaram possível a construção de Brasília. O episódio do massacre, onde pelo menos nove operários morreram e cerca de 60 ficaram feridos, é um exemplo trágico da exploração dos "candangos", que foram essenciais para a edificação da cidade, mas desconsiderados em suas necessidades e direitos.

    O filme também dá voz a figuras-chave no processo de construção da capital, como Lúcio Costa e Oscar Niemeyer, que reagem de forma distinta diante das câmeras. Enquanto Costa nega ter conhecimento sobre os eventos, Niemeyer interrompe bruscamente a entrevista, uma atitude que revela a tentativa de esconder os aspectos sombrios da criação de Brasília.

    A crítica de Carvalho é contundente e essencial, pois não apenas revela os esqueletos no armário de figuras políticas e arquitetônicas, mas também denuncia as graves injustiças que marcaram a história de Brasília. Ao trazer à tona os abusos sofridos pelos operários e as mortes que foram deliberadamente encobertas, o documentário serve como um lembrete de que o brilho da cidade não pode obscurecer as lutas e sacrifícios daqueles que, sem reconhecimento, ajudaram a erguê-la.

    Conterrâneos Velhos de Guerra não apenas resgata uma história ignorada, mas também desafia a visão oficial da construção de Brasília, chamando atenção para as profundezas das desigualdades e dos abusos sociais do Brasil da época.
    Obra prima necessária, um exemplo brilhante de cinema comprometido com a verdade e justiça social.
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