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    Mulheres ao Ataque
    Críticas AdoroCinema
    2,0
    Fraco
    Mulheres ao Ataque

    Dois filmes

    por Renato Hermsdorff

    O diretor Nick Cassavetes (de Alpha Dog) conseguiu o que parecia impossível: tornar crível – e engraçada – a aproximação entre três mulheres que, sem saber, estão dividindo o mesmo homem. Em Mulheres ao Ataque, Carly (Cameron Diaz), é uma advogada bem-sucedida, daquelas que privilegiou a profissão no lugar da vida pessoal. Do tipo gostosa (não à toa escalaram a atriz, em ótima forma), ela é “pegadora” e descompromissada. Quando conhece o empresário Mark (Nikolaj Coster-Waldau, de Game of Thrones), ele faz a linha príncipe encantado, quer levá-la para conhecer os pais e dá presente no aniversário de dois meses de namoro - além de se darem bem na cama, claro.

    Até que Carly descobre, acidentalmente, que Mark tem uma esposa, Kate (Leslie Mann, de Bling Ring: A Gangue de Hollywood). As duas, então, resolvem se unir contra o bonitão até que, no meio do caminho, percebem que ele também está de caso com a jovem, loira e ingênua Amber (Kate Upton) – e, pelo apetite sexual do cara, que em seguida é pintado como um conquistador barato incapaz de dominar a libido, bem que poderia haver outras.

    Até aí, apesar dos personagens bem marcados, tendendo ao clichê, a história flui, surpreendentemente, como uma leve comédia de costumes – afinal, não estamos falando de Malick ou Truffaut. Mérito do roteiro, mas principalmente das atrizes, sobretudo no confronto entre a Carly de Cameron Diaz (bem, no papel), madura, dona de si, mas que, por outro lado, nunca viveu as benesses de uma vida em família; e Leslie Mann, ótima como a dona-de-casa que abriu mão de uma vida própria em prol do marido e agora que seu castelo desaba, se vê desabrigada no mundo.

    É essa solidão de Kate a semente que torna compreensível a amizade construída entre esposa e amante. Sua personagem, então, toma aulas com Carly sobre como lidar com o universo masculino e passa a viver uma espécie de adolescência tardia ao descobrir o mundo, o que garante as melhores risadas deste primeiro terço de filme – como na cena em que sai bêbada do bar e Carly tem problemas para enfiá-la dentro de um táxi (de novo: não é Godard). A amante número 3, a loira ingênua de corpo escultural (não para os padrões brasileiros, que fique bem claro) Amber funciona (funciona?) mais quantitativamente do que qualitativamente para o desenvolvimento do enredo.

    Mas quando as três unem forças para acabar com Mark é que o filme vira mais um besteirol americano. É um tal de trocar o xampu dele por creme de depilar, esfregar escova de dente na boca do cachorro, por laxante no drink, promover encontro com travesti, batizar o suco com hormônio feminino, o que rende (rende?) uma sequência de piadas escatológicas – infantis, até – e a vingança culmina em uma cena desumana.

    Da seleção do elenco à temática, Mulheres ao Ataque é, desde o início, um filme essencialmente feminino. E pretensamente feminista, na tentativa de fazer justiça ao papel das mulheres na guerra dos sexos – tese que cai por terra quando fica claro que o suposto grito por independência é, na verdade, um sussurro machista de que são os homens (ou o homem, no caso) que norteiam a vida delas.

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