Paulo Gustavo é um gênio do humor, mas repete todas as suas personas nesse filme. Não vi apenas Dona Hermínia, vi a Sra. dos Absurdos, a mulher que apresenta o Nucleo de Apoio à Vida, a mulher feia, a Periquita... enfim, ele é bom, mas não vai muito além disso no quesito "atuação". Mas isso não me incomoda porque sua interpretação de mulher é tão engraçada que compensa absolutamente tudo.
O problema em Minha Mãe é uma Peça é que o filme não funciona sem Paulo Gustavo. É tudo Dona Hermínia, absolutamente tudo é a personagem e suas piadas, que não são poucas, funcionam muito. O grande erro aqui é transformar o filme em uma coletânea de esquetes da personagem, que parecem ter sido feitas pro youtube. Não há roteiro, ou melhor, o pouco roteiro que há, é um fiasco total. Até as falas dos demais personagens são ruins.
Tudo o que orbita o mundo de Dona Hermínia é medíocre. Personagens superficiais, rasos, caricatos, por vezes desnecessários, e até desagradáveis de vez em quando. A trama de Juliano é completamente vergonha alheia, e não é na forma com que Dona Hermínia trata o filho que mora o problema, muito pelo contrário, isso é um acerto (como tudo que diz respeito à personagem em si), o equívoco está na construção do personagem. Rodrigo Pandolfo tenta fazer uma criação ali (que, por vezes, me lembrou a construção de Mateus Solano na atual novela das nove, Amor à Vida), mas fica evidente a completa falta de noção desse enredo. E as "Globo Filmices", não tenho dúvidas que teve dedo da produtora aqui, transformam o filme em algo bastante covarde com relação à trama do filho de Dona Hermínia. E não há comentários para o drama forçado inserido na metade do filme com uma questão de morte, uma tentativa falha de fazer Dona Hermínia conquistar ainda mais o público do que já havia feito. Ninguém se decide se quer fazer rir ou chorar, chega a ser constrangedor.
Os diálogos rápidos e cheios de acidez redimem o show de horrores que é o filme em si, que tenta, tenta, mas não consegue criar nem uma linha temporal decente pra contar a história dessa família. A direção é lugar comum, com alguns enquadramentos bons aqui e ali (principalmente no primeiro ato do filme, que é um pouco mais bem cuidado), e a montagem soa como amadora. Dá a impressão que Paulo Gustavo trouxe toda a equipe do 220 Volts pra fazer um filme. E o negócio é que no formato do programa, humorístico, as esquetes funcionam independentemente de uma linha narrativa. O que não perceberam é que ao transmutar a história de uma das personagens mais famosas do programa, para o Cinema, não poderiam se manter na mesma linha.
Eu gostei do filme porque ri dele (como não rir do Paulo Gustavo?). Mas gostaria de sair da sessão gostando porque ele tem qualidade como Cinema de verdade. Não aconteceu, e eu fiquei bem decepcionado. O filme é ruim. Infelizmente.
PS: A "cena" final deve ser a melhor coisa do filme todo! Que beleza ela estar ali, no filme!