Encontros e despedidas
por Lucas SalgadoLançado há dois anos, Star Wars - O Despertar da Força reacendeu a chama de Guerra nas Estrelas tendo como principal foco o sentimento nostálgico com relação à trilogia original, investindo na participação do trio principal (Harrison Ford, Carrie Fisher e Mark Hammil) e abusando das semelhanças com a trama do Episódio IV - Uma Nova Esperança. Empolgante e divertido, o longa de 2015 pecava justamente por essa falta de originalidade, sendo quase que uma refilmagem do filme que deu início à saga.
Agora, dois anos depois, temos a chegada de Star Wars - Os Últimos Jedi, que não deixa de lado o sentimento nostálgico, mas que oferece uma trama mais interessante. Do ponto de vista narrativo, há semelhanças sim com O Império Contra-Ataca, mas longe de ser uma cópia. O filme tem início com a Primeira Ordem numa posição de superioridade, embora tenha tido sua base destruída no anterior. Com uma maior presença do líder supremo Snoke, eles tentam acabar com os últimos resquícios da Aliança Rebelde, que fogem pelo espaço.
Ao mesmo tempo, Rey segue na ilha tentando convencer Luke Skywalker a liderar o contra-ataque da República, se tornando ícone da rebelião. Ele, no entanto, não se mostra interessado em lutar e tampouco quer treinar a jovem, vendo nela uma ameaça semelhante a de Kylo Ren, seu ex-pupilo que o traiu.
O filme divide bem as duas linhas de ação. Por mais que a forte presença em cena de Hammil seja evidente, o outro núcleo também é essencialmente Star Wars, com estratégias de combate, tentativas de invasão, exploração de planetas exóticos e muito mais.
A saga Star Wars sempre dedicou atenção ao público infantil, com inúmeros personagens bobinhos ao longo das décadas. E isso não é diferente aqui, embora pareça que o filme erra um pouco na mão do humor, no que parece ser um novo padrão Disney. Principalmente na primeira metade, há um excesso de piadinhas e personagens bobinhos, como os Porgs, novo espécie bonitinha feita para vender bonequinhos.
The Last Jedi (no original) oferece uma tempestade de emoções aos fãs da franquia, tanto dentro da história (participações de Luke e referências aos originais), quanto fora (impossível não se emocionar toda vez que Carrie Fisher aparece). Falando em Carrie, o filme aumenta a participação da general Leia e gera uma série de questões sobre o futuro, uma vez que a ideia era que ela assumisse uma posição central no Episódio IX.
Diretor de dois dos melhores episódios de Breaking Bad (“Fly” e “Ozymandias”), Rian Johnson foi o responsável por assumir o comando do novo filme, um desafio após o bom trabalho de J.J. Abrams. E Rian também foi bem, principalmente no comando de cenas de ação, muitas vezes realistas (na medida que batalhas intergaláticas podem ser realistas, é claro).
Sem precisar ser igual a O Império Contra-Ataca, Os Últimos Jedi muda o jogo da mesmo forma que o filme citado fez com o original, abrindo um leque de possibilidades. Destaca-se ainda o desenvolvimento de personagens, principalmente Kylo, Rey, Poe e Finn.
Rose, vivida por Kelly Marie Tran, é o destaque dentre os novos personagens, enquanto DJ (Benicio Del Toro) e Holdo (Laura Dern) possuem breves mas importantes participações.
Como geralmente acontece, o longa conta com excepcionais trabalhos de edição de som, mixagem e efeitos especiais. As coreografias dos confrontos remetem filmes de guerra realistas, como O Resgate do Soldado Ryan, tornando a experiência mais empolgante. A trilha sonora de John Williams também está presente por todos os 152 minutos de duração (o que faz do filme o mais longo da franquia).
Star Wars - Os Últimos Jedi não é um filme perfeito, mas oferece um ótimo entretenimento e apresenta personagens apaixonantes. E, mais uma vez, tem Carrie Fisher e Mark Hammil. Que, infelizmente, jamais estarão juntos em outro set de filmagens.