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    O Projeto Adam
    Críticas AdoroCinema
    3,5
    Bom
    O Projeto Adam

    Viagem no tempo é mais legal com a família

    por Katiúscia Vianna

    Ryan Reynolds se tornou um cobiçado protagonista de sucesso em Hollywood, principalmente desde o fenômeno Deadpool. Particularmente, o chamei de galã desde os tempos de A Proposta, mas isso é outra história... Recentemente, ele parece ter encontrado seu grande parceiro no cinema: Shawn Levy — que, por sua vez, também tem um sucesso nas mãos como o produtor de Stranger Things. Juntos, eles fizeram Free Guy - Assumindo o Controle, que foi bem recebido por crítica e público. Em breve, o terceiro filme do Mercenário Tagarela irá reuni-los novamente. Porém, a Netflix apostou na dupla com O Projeto Adam, uma ficção científica cheia de emoções.

    Qual é a história de O Projeto Adam?

    Vivido por Ryan Reynolds, o Adam do título é um piloto de combate no ano 2050, que rouba uma nave para voltar ao tempo e resolver um mistério pessoal. Sem querer, ele vai parar em 2022, onde encontra sua própria versão de 12 anos. Por sua vez, o garoto interpretado por Walker Scobell está passando por tempos difíceis, após a morte do pai, Louis (Mark Ruffalo), sempre se metendo em brigas na escola por conta de sua personalidade sarcástica — e nem sempre apreciando os cuidados de sua mãe, Ellie (Jennifer Garner).

    Sem muitas opções, Adam terá que formar uma parceria inusitada com sua versão mais jovem, a fim de investigar um desaparecimento e, possivelmente, salvar o futuro de uma catástrofe. Nessa história, ainda estão presentes outros nomes de destaque: Laura (Zoe Saldana), a habilidosa esposa de Adam envolvida no mistério, e Maya (Catherine Keener), parceira de negócios de Louis que tem grandes poderes e ambições no futuro. 

    O Projeto Adam é uma ficção científica que conquista na emoção

    The Adam Project (no original) é uma história ambiciosa. Numa primeira camada, foca na ficção científica para contar uma aventura cheia de sequências de ação, com viagens no tempo e explicações elaboradas para justificar as reviravoltas do roteiro. Não sou nenhuma expert em física quântica (ou qualquer matéria de exatas em geral), mas acredito que o longa faz um bom trabalho para explicar sua própria mitologia e criar os desafios necessários para forçar as interações entre os dois Adams.

    Em seu estilo, o filme tem uma pegada meio anos 80, fazendo homenagens para grandes filmes de aventura familiar da época (comparações com De Volta para o Futuro são óbvias, tanto que o próprio longa fala sobre isso). A grande diferença fica em seus efeitos, afinal tecnologia avançou bastante em cerca de 40 anos. Tendo dito isso, é inevitável sentir uma estranheza ao ver o rosto de Catherine Keener rejuvenescido digitalmente. Você entende o motivo daquilo ser feito, mas ainda sim é meio bizarro. Tirando esse detalhe, o filme faz um trabalho bom, com uma solução visual criativa para as mortes que acontecem fora de seus tempos fixos.

    Porém, isso não é tão importante quanto a segunda camada de O Projeto Adam, que é uma história sobre família. Nada forçado como as falas de Vin Diesel na família Velozes & Furiosos, mas ainda assim. No fim das contas, estamos acompanhando diferentes fases do luto no mesmo personagem. Um que está em negação e sofrimento; enquanto outro assumiu uma postura de raiva, já que é mais fácil do que sentir dor. Se isso justifica o humor ácido nas conversas entre as versões do protagonista (que usa como ferramenta de escape) também acrescenta profundidade para a obra.

    Quando a trama proporciona o encontro dos Adams com Louis (já revelado no trailer, não me xinguem), isso transmite diversas emoções de uma vez só. A busca de um filho por afeto, enquanto o outro tenta rejeitar qualquer tipo de sentimento para tentar parecer mais forte. Por sua vez, estamos diante de dois pais que só querem o melhor para o filho, apesar de não saberem exatamente como fazer isso. É uma história que pode se conectar tanto com jovens, mas também irá emocionar os adultos. Sem dar muitos spoilers, a conversa final de Louis com os filhos é capaz de arrancar lágrimas de boa parte do público. Sem falar que é uma coisa que cada um de nós precisa ouvir, pelo menos, uma vez na vida.

    Seria Walker Scobell o Ryan Reynolds mirim?

    Apesar de ser um ator popular, uma das recentes reclamações ao redor de Ryan Reynolds é que todos os seus personagens apresentam sarcasmo em comum. Isso é uma realidade? Sim, algo que prova ser verdade novamente em O Projeto Adam. Porém, se ele apresentava uma caricatura de si mesmo em Alerta Vermelho, esse longa traz uma espécie de justificativa para tal comportamento, além de disponibilizar mais cenas dramáticas ao ator, que não desperdiça tais oportunidades.

    Também ajuda o fato dele não ser a única pessoa irônica do filme. Isso é uma característica latente de Adam, então deve ter sido difícil encontrar uma criança que consiga ser sarcástica, sem ser irritante. Logo, que achado é Walker Scobell! Ele tem graça e talento suficientes para carregar o filme, batendo de frente com o carisma de Reynolds e se tornando o verdadeiro coração da trama. Você realmente acredita que eles são a mesma pessoa e, justamente, o humor é o elo que os une. Tomara que o jovem encontre mais trabalhos em Hollywood, pois sua estreia foi fenomenal. 

    No elenco coadjuvante, todos tem cenas marcantes. Todo mundo sabe que Mark Ruffalo tem carisma, então não é difícil se emocionar com a jornada de seu personagem, que só deseja fazer o certo para seu(s) filho(s). Por sua vez, Jennifer Garner conquista a tela com os detalhes de sua performance, afinal sua fachada de mãe tenta não desmoronar diante do filho, apesar de também estar passando pelo luto. Sem falar que ainda temos Zoe Saldana, que merecia ser mais valorizada pela sociedade em geral, pois sempre entrega simpatia, sem deixar de ser uma bad ass.

    Vale a pena ver O Projeto Adam?

    Apesar de ser assinado por quatro nomes (o que costuma ser um sinal de problema em Hollywood), O Projeto Adam entrega um roteiro bem amarrado, com espaço para diversão, ação e emoção; por mais previsível que seja. Não é a coisa mais criativa que já vi na minha vida, mas traz um ar fresco para o gênero. Afinal, se você vai falar de viagens no tempo, é melhor trazer alguma coisa de diferente, pois já conhecemos todos os clichês desse mundo.

    Por fim, eu queria mandar um beijo para a diretora de casting Carmen Cuba por promover o encontro de Deadpool, Hulk, Elektra e Gamora nas telas, fazendo Vingadores: Ultimato tremer nesse momento... Mas, principalmente, por trazer "a sequência perdida" de De Repente 30 com a reunião de Mark Ruffalo e Jennifer Garner. É bem rapidinho, mas o coração de qualquer fã de comédias românticas agradece.

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