Não dizem por aí que a arte imita a vida? Pois eu acho que todos os filmes baseados em fatos reais comprovam isso. E mais: acho que qualquer produção cinematográfica baseada em uma história interessante já tem meio caminho andado pra dar certo. Adicione a isso um bom diretor, atores talentosos e uma equipe de produção bem entrosada e pronto. Você tem uma receita certa de sucesso e, consequentemente, um baita filme. É isso que acontece em "Philomena".
O filme é tocante em tantos sentidos e aspectos que é até difícil de explicar. Ele causa uma mistura de sentimentos contraditórios imensa e inevitável, fazendo com que ora sintamos uma raiva enorme das freiras, de Jesus e de toda a igreja, ponderando os questionamentos levantados pelo jornalista; ora achemos que estamos sendo injustos e maldosos, após vermos a pureza e a bondade com que a própria Philomena trata não apenas a perda terrível que sofreu, mas também o mundo ao seu redor, as outras pessoas, a vida. O roteiro, muitíssimo bem adaptado do livro de Sixsmith, traz diálogos inteligentes e perspicazes, que fazem a gente se identificar com os personagens e se sentir parte da história, e a trilha sonora embala a trama com verdadeira maestria.
Nem preciso falar do show de interpretação que Judi Dench dá, né? A velha, além de linda, é um poço sem fundo de talento e carisma. Sem contar nos cenários maravilhosos tanto na Irlanda quando nos EUA (locais onde a história se passa), que são de encher os olhos.
Por fim, acho que um dos maiores trunfos desse filme é fazer todo mundo sair do cinema mudado – de uma forma ou de outra. Não tem como sair ileso. E acho que é isso mesmo que as artes (seja cinema, música, literatura, o que for) têm como propósito: tocar as pessoas, impressioná-las, fazer com que, de algum jeito, sejam pessoas diferentes do que eram antes de ter contato com determinada obra. E se analisarmos por essa perspectiva, acho que dá pra dizer com tranquilidade que esse filme é, afinal, uma verdadeira obra de arte.