Antes do Inverno: Crítica AdoroCinema

Cinco anos após Há Tanto Tempo que Te Amo, o diretor francês Philippe Claudel volta a trabalhar com a britânica Kristin Scott Thomas em Antes do Inverno. Com grandes trabalhos em obras como Lua de Fel, O Paciente Inglês e Assassinato em Gosford Park, a atriz volta a construir uma personagem densa e complexa.

Desta vez, no entanto, Scott Thomas tem a concorrência de um outro grande nome no elenco: Daniel Auteuil (Caché). O francês interpreta Paul, um neurocirurgião de 60 anos que é casado com Lucie (Kristin). Os dois vivem uma relação marcada pelo amor, mas também pelo desgaste de vários anos juntos. Médico e professor, ele está pouco em casa, enquanto que ela passa boa parte do tempo cuidando de seus jardins.

De uma hora para outra, Paul começa a receber buquês de rosas em sua casa, no hospital e no escritório, todos anônimos, o que desperta seu interesse ao mesmo tempo que lhe irrita. No mesmo período, ele começa a conviver com Lou (Leïla Bekhti, de A Fonte das Mulheres), uma ex-paciente da qual não lembrava.

Claudel, que também é responsável pelo roteiro, consegue desenvolver bem seu drama, oferecendo momentos de suspense, na medida que Paul passa a encontrar cada vez mais com Lou. Não se trata de uma nova relação ou adultério, tudo é muito delicado, o que por um lado contribui para aumentar a tensão sexual entre os dois. O expectador está sempre curioso com o que está por vir.

O elenco principal conta ainda com a ótima presença de Richard Berry (Dupla Confusão). Ele vive Richard, o melhor amigo de Paul que é atraído por Lucie. É uma figura um pouco melancólica, dividido entre o amor e a amizade, mas que nem por isso deixa de ser forte.

Outro personagem importante da obra é o outuno, como deixa claro o título Antes do Inverno. É claro que o nome não se refere apenas à estação do ano que vem antes do inverno, no caso o outono, mas também ao estado de espírito dos protagonistas, que parecem mesmo diante de um futuro frio. A estação é destaque através dos belos cenários, que conta com vários parques e jardins, marcados por belas folhas mortas. 

A fotografia também está num meio termo entre o quente e o frio. Se em tomadas externas temos uma ambientação sem cores quentes, o contrário acontece em alguns cenários internos. O bar que Paul vai com Lou é um exemplo claro disso, com uma ambientação toda em cima do vermelho.