Como em Brazil, Terry Gillian, utiliza forte estilização aliada a um roteiro complexo, para criar uma , um mundo opressivo distópico, mas ao mesmo tempo, acaba por polpar o espectador pelo aspecto surreal desse mundo colorido e carregado, pela riqueza dos diálogos e o absurdo das situações que vão sendo criadas. Gillian, assim como em Brazil, cria um mundo fantástico, com tons expressionistas, rostos exagerados e a câmera que acompanha o aflito e alienado protagonista, brilhantemente interpretado por Christoph Waltz, que procura incessantemente se libertar. Tudo é rebuscado e inusitado, desde a profissão de Qohen Leth, que faz algo operando sistemas, mas que não entendemos exatamente o que é, o extremo ruído visual e sonoro dessa sociedade, sua moradia, assim como a intervenção constante na sua vida de funcionários disfarçados da organização para a qual trabalha, que procuram mantê-lo entretido e preocupado, ao mesmo tempo oferecendo falsas benesses, como a bela Bainsley (Mélanie Thierry), que não consegue distrair Qohen na sua busca por uma salvação, uma redenção.
O sarcasmo e o cinismo nas situações e diálogos que vão sendo apresentados, as boas interpretações e o rico universo visual fazem de Zero, na minha opinião, um dos melhores filmes Gillian
, que pode não agradar a a muitos, por esse estilo quase barroco que esse diretor parece nunca ter abandonado.