Movido mais pela curiosidade do que pelo amor ao cinema (que também exerço), fui ver CHATÔ, o filme de Guilherme Fontes que parecia inacabado, quase uma lenda urbana. E não é que o filme é legal? Pois é, claro que essa classificação 'legal' é puramente movida pela minha inquietação relacionada a qualquer produto ou manifestação artística. E, condição essencial, é preciso gostar de cinema pra gostar de CHATÔ. Explico o que penso ser o 'gostar de cinema' : apreciar um filme pelo que ele tem de revelador, quando ele, de algum modo, dialoga com a gente. Para mim, cinema não é só entretenimento. E, com isso, ouso afirmar que cinema não é só comédia. Sim , há dias em que precisamos daquele filme despretensioso, entrar numa sala de cinema e esquecer de tudo lá fora, rindo de qualquer bobagem. E há dias em que até uma comédia precisa ser, minimamente, inteligente. E quem poderá dizer que a comédia QUANTO MAIS QUENTE, MELHOR de Billy Wilder (com Marilyn Monroe, Tony Curtis e Jack Lemmon) não é um daqueles sublimes exemplos de comédia inteligente?
CHATÔ pertence a uma outra categoria, é como uma ópera bufa (versão italiana da ópera-cômica): farsesco, mas dramático, grandiloquente, mas comezinho. O diretor, apesar de sua empáfia e ambição (coisas de um galãzinho da Globo à época do início da realização do filme), conseguiu realizar um filme palatável e divertido e, acima de tudo, tremendamente irônico.