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    Homem-Aranha: De Volta ao Lar
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Homem-Aranha: De Volta ao Lar
    por

    Não é possível analisar Homem-Aranha: De Volta ao Lar sem considerar a conjuntura existente por trás do filme. Desde que o Universo Cinematográfico Marvel começou a ser instituído, lá em 2008, cada peça foi planejada de forma que, paulatinamente, formasse um grande quebra-cabeças envolvendo os super-heróis da editora, no melhor estilo já existente nos quadrinhos. Dentre eles, não estava o Homem-Aranha - seus direitos cinematográficos tinham sido repassados à Sony, que bancava aventuras independentes. Assim foi durante pouco mais de duas décadas, quando o estúdio entrou em acordo com a Marvel para que o herói aracnídeo enfim adentrasse seu estabelecido (e bem sucedido) universo de heróis nas telonas.

    Deixemos de lado as minúcias típicas de negócios deste porte para, de fato, analisar o impacto de tal decisão nos filmes. Com duas versões na bagagem, as estreladas por Tobey Maguire e Andrew Garfield, a saída para entregar um novo Aranha foi investir forte em seu lado adolescente, que conquistou milhões de fãs tão logo o personagem surgiu nas HQs, nos anos 1960. Habilmente, a Marvel abriu mão de recontar a origem do personagem e resolveu apresentá-lo fora de uma aventura-solo, como uma espécie de teste. Deu certo: o Aranha de Tom Holland foi um dos destaques de Capitão América: Guerra Civil, deixando um gostinho de quero mais.

    Diante deste retrospecto, é interessante notar que De Volta ao Lar traz um esforço para situar o Aranha e seu ambiente dentro do universo já estabelecido pela própria Marvel. Não por acaso, o filme inicia logo após os eventos mostrados no primeiro Os Vingadores, de forma a criar uma camada extra à ambientação já conhecida: além dos super-heróis, há pessoas normais (ou quase) que precisam, cada uma à sua maneira, lidar com a existência destes "deuses modernos" seja a partir da admiração ou da mera sobrevivência. É a partir desta realidade underground que surge o Abutre, supervilão cujo nome de guerra jamais é dito, que possui sua origem intrisecamente ligada à existência dos próprios Vingadores. Da mesma forma, é pelo mesmo motivo que o eterno coadjuvante Happy Hogan (Jon Favreau) é alçado a um posto (um pouco) mais importante que o convencional: a ideia é dar voz aos que orbitam o Olimpo, sem descartar que algum de seus integrantes possa, um dia, alcançá-lo. Leia-se, Peter Parker.

    Tal preocupação em atar nós dentro da cronologia pode parecer mero detalhe, mas representa muito no modo de agir da Marvel - e, da mesma forma, serve como linha conceitual por trás deste novo Homem-Aranha. Apresentado como uma espécie de pupilo de Tony Stark (Robert Downey Jr., mais uma vez desfilando seu carisma em piadas rápidas), o atual Aranha possui toda uma narrativa meticulosamente construída de forma que, mesmo com profundas mudanças em relação à sua origem - em relação às HQs -, ainda assim seja um personagem reconhecível pelo que representa - e, da mesma forma, uma versão diferente das vistas anteriormente. É quando entra em cena o grande trunfo do longa-metragem: o humor.

    Construído como uma típica aventura juvenil, De Volta ao Lar encarna com brilhantismo o espírito adolescente dos dias atuais através de um Tom Holland radiante e irresistível, seja pela ansiedade em ser e lidar com os tais deuses que venera ou pela própria insegurança decorrente da pouca experiência. Com citações a clássicos dirigidos por John Hughes, como Curtindo a Vida Adoidado e Clube dos Cinco, De Volta ao Lar encampa sem medo o clima de amizade nerd em uma faixa etária onde já há o interesse amoroso, mas sem se tornar (ainda) sexual, por mais que haja uma citação (implícita) aqui e ali. É a partir das descobertas de Peter em ser o Homem-Aranha, e da excitação inerente pelos seus poderes e atos realizados, que o filme brilha intensamente, provocando gargalhadas com gosto.

    Ainda neste sentido, é importante destacar Ned, interpretado pelo ótimo Jacob Batalon. Melhor amigo de Peter Parker e nerd escancarado, seus trejeitos e expressões representam o fascínio das tais pessoas normais diante da grandiosidade do que ocorre diante de si. Ele e todo o núcleo adolescente dão ao filme uma textura saborosa, não só por representarem arquétipos típicos da juventude mas, também, pela coesão existente entre eles. Méritos para o belo processo de escalação do elenco, não só pela qualidade na seleção sem se ater ao cânone dos quadrinhos - especialmente em relação a Flash Thompson -, mas também pela preocupação em promover diversidade dentro deste núcleo.

    Entretanto, se De Volta ao Lar brilha intensamente ao retratar o universo juvenil estrelado por Peter Parker, ele falha quando precisa focar no Homem-Aranha. Por mais que se compreenda as necessárias mudanças decorrentes da inserção do Cabeça de Teia no Universo Cinematográfico Marvel, e esta narrativa até seja apresentada de forma coerente, há no filme um exagero (intencional) no uso de apetrechos tecnológicos que, de certa forma, apequena quem está por trás da máscara. É claro que as habilidades de Peter Parker estão lá, assim como a necessária coragem em fazer o certo, mas o uniforme fabricado por Tony Stark traz consigo um sem-número de muletas narrativas que, por mais que até sejam divertidas e de novo ressaltem a típica impaciência juvenil, diminuem o herói. Em alguns momentos, é como se ali não estivesse o Aranha, mas um garoto corajoso qualquer vestindo seu uniforme - e isso incomoda bastante.

    Por outro lado, a própria condução da história aponta que tal situação seja intencional, e temporária. Por mais que não traga o beabá sobre a picada da aranha radioativa e a morte do tio Ben, De Volta ao Lar pode também ser considerado um filme de origem, para este Aranha dentro deste universo cinematográfico. É como se o herói que conhecemos ainda estivesse a eclodir e que o exibido neste longa-metragem seja apenas um prenúncio do que está por vir, ou do que pode vir.

    Deixando de lado a concepção conceitual deste Homem-Aranha, é preciso também ressaltar o belo trabalho do diretor Jon Watts. Por mais que De Volta ao Lar não possua sequências de ação memoráveis - são apenas corretas! - e o terceiro ato sofra uma certa queda devido ao confronto derradeiro com o vilão Abutre (Michael Keaton, bem), é admirável o timing cômico encontrado para representar nas telas o ambiente adolescente que tão bem se encaixa com esta história a ser contada. O preâmbulo do vlog de Peter Parker, em primeira pessoa e nos bastidores de Guerra Civil, é excelente não só pelo que exibe mas também pelo que representa neste universo. O mesmo vale para as hábeis citações aos filmes de John Hughes, aos momentos em que o ainda iniciante Aranha lida com a empolgação em ser um super-herói (e se exibe!), o modo como o Capitão América é usado neste filme (atenção à maravilhosa cena pós-créditos!) e as várias brincadeiras visuais referentes aos diversos ícones relacionados ao personagem.

    Com muito Peter Parker e pouco Homem-Aranha, De Volta ao Lar é um filme que diverte bastante, mas está longe de ser a melhor aventura estrelada pelo herói aracnídeo - os dois primeiros filmes dirigidos por Sam Raimi ainda estão na dianteira. Com Tom Holland completamente à vontade e um elenco coadjuvante coeso e convincente, trata-se de um início com o pé direito neste universo juvenil agora habitado pelo Cabeça de Teia nas telonas que, desde já, conta com o auxílio luxuoso do Universo Cinematográfico Marvel já estabelecido, seja em seus cânones ou na habitual competência na execução. Muito bom.

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    Comentários

    • vitor
      o homem aranha se caracteriza pela sua força de vontade e sua resistencia, lutando com inimigos mais fortes e apanhando diversas vezes, mas sempre dando um jeito de virar o jogo, esse homem aranha se prova ingenuo, e provando muitas vezes n ser capaz de nada, sem força de vontade, e desistente, esse n é o homem aranha q conhecemos, n é culpa do tom, é culpa dos diretores q pegaram um ator excelente e colocaram um adolescente de 12 anos no lugar, filme decepcionante, com um ator incrivel e uma historia esdrúxula, o apice do filme foi a cena pós credito q se tem uma reviravolta, porem, o filme se refere a um homem aranha que depende muito dos outros e de sua tecnologia, QUEREMOS O HOMEM ARANHA DE VOLTA, com força de vontade e motivos, n um adolescente sem opinião e sem características de um super heroi.
    • Vandeir G
      Realmente pior filme do homem aranha, dependente de Tony Stark nada a ve da porra, homem aranha nunca precisou dd tecnologia pra ser um super heroi.
    • Gabriel Patricio
      o homem aranha 3 tbm foi uma merda
    • Wesley Nantes
      Lixo de filme. Adolescente boboca pela saco do Stark. Concordo que o objetivo era contestualizar o Spider no universo marvel, mas desse jeito?? Ridícula a relação dele com o Stark, nunca foi desse jeito nos HQ.
    • pedro
      So escreveu merda
    • pedro
      Teu cu
    • Cassius V.
      Pior filme do Homem-Aranha ! Pior filme da Marvel ! Nota 1 !
    • Al? Santana
      Bom filme. Mas fica a sensação sim de que diluíram a essência daquele Homem-Aranha que sempre todos nós conhecemos e aprendemos a admirar....Mas mesmo assim, é um bom filme. 3,5.
    • Edson A.
      Fiquei na dúvida se era filme do Homem Aranha ou Homem de Ferro, pois ali está um herói aracnídeo sem identidade, sem emoção, sem iniciativa, mas entupido de tecnologia das indústrias stark, numa história mal enredada e mal resolvida. Retrata o mundo da adolescência, da puberdade, parecendo feito de garotos bobinho que não sabem o que querem, quando a realidade diz o contrário. Ficou devendo como história, como filme de herói. E o pior momento do filme, uma tia que mais parece namorada ou irmã do que tia.....
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