Muitos ansiavam pela união entre as grandes cabeças da Marvel e da Disney para a criação de um filme, e tantos outras tinham suas dúvidas. Como se poderia adaptar algo dos quadrinhos para o formato das animações, especialmente em seu conteúdo?
A resposta veio com Operação Big Hero, um ótimo acerto das duas empresas.
A trama do filme veio da adaptação do quadrinho Big Hero 6, um grupo de heróis, aqui adaptados para servir ao padrão Disney de personagens. E deu certo. O grupo formado por Hiro (Robson Kumode), Fred (Marcos Mion), GoGo Tomago (Kéfera Buchmann), Wasabi (Robson Nunes) e Honey Lemon (Fiorella Mattheis) convence fácil o espectador, misturando personalidades muito diferentes, com cada uma se relacionando a nós de um jeito, e abraçando a diversidade e o novo mundo em que vivemos, como já havia feito em Frozen, por exemplo. E, fechando a equipe, temos Baymax (Márcio Araújo), o grande protagonista aqui. O robô, criado após inúmeras pesquisas da equipe de arte, representa aqui claramente a pureza, a ingenuidade e a paz que a Disney transmite. Ele é que carrega Hiro em seus tempos mais terríveis e funciona como o alívio cômico no meio da trama mais pesada. Infelizmente a equipe, apesar de te personagens bem construídos, não é muito trabalhada, deixando uma sensação de que poderíamos ver mais dela, especialmente pela química que os personagens apresentam entre si.
A trama também nós apresenta algumas misturas entre uma atmosfera mais opressora e momentos de alegria e mensagens encorajadoras. O estopim para a trama, através do irmão de Hiro, Tadashi, traz vários momentos dramáticos para a animação, se mostrando muito mais adulta do que aparenta ser, especialmente perto de seu fim. Contudo, isso não torna a história pesada para o público mais jovem, e a história consegue se manter simples e bem palatável para o público mais infantil.
Dando forma a tudo isso, temos os belos visuais de uma cidade que mistura a cultura oriental e a ocidental, chamada de San Fransokyo. Ela funde as características mais marcantes das duas cidades inspiração, criando um híbrido que enche os olhos com seus contrastes e nuances, especialmente com o uso de cores, sempre saturadas e fortemente presentes. A mistura das duas culturas é um dos pontos altos do filme, abraçando novamente a diversidade falada acima, com diferentes momentos mostrando cada cultura.
Por fim, temos um dos pontos de maior dúvida do público brasileiro: a dublagem. Nomes novatos ou pouco conhecidos no mundo da dublagem deram um enorme receio entre o público (até mesmo preconceito), com medo de que veríamos um novo Enrolados nesse quesito. Contudo, a dublagem se mostrou uma das melhores coisas do filme. É exemplar o trabalho feito na tradução e adaptação das falas. Termos mais nacionais e gírias brasileiras foram inseridas no filme de uma forma extremamente natural, e as vozes dos personagens conversam dignamente com a personalidade deles, ficando natural, como se o filme fosse feito para a língua portuguesa.
Operação Big Hero é um filme que representa a Disney dos últimos anos. É inovador no que é possível, mostra que está abraçando conceitos cada vez mais atuais e, ainda assim, mantém a mesma essência que vemos há muito tempo. É uma bela amostra do que a empresa pode fazer aliada a Marvel, e não tenha dúvidas de que você dará boas risadas (e até derrubar algumas lágrimas) acompanhando a história de Hiro e Baymax.