(SPOILERS)
Jesse caminha por um aeroporto junto a seu filho, Hank (citado em Antes do Pôr-do-Sol) aos 14 anos. Quase dez anos após os eventos em Paris, Jesse se encontra numa viagem a Grécia com, sua então esposa, Celine e suas duas filhas. Em meio ao decorrer do filme, encontramos as diversas relações do casal com o mundo ao seu redor, e sua crítica social, tais como algumas cenas de debate. Entretanto, com uma volta revigorante e totalista, Linklater recria um universo fantástico cheio de harmonia entre os relacionamentos de seus personagens, dentro de uma viagem de férias e no foco entre Celine e Jesse, numa fase mais madura do relacionamento: o casamento. Porém o que o filme demonstra e que é diferente de Amanhecer e Pôr-do-Sol é a forma de como Celine e Jesse vêem suas vidas em meio á destruição progressiva do relacionamento, que se corrompe lentamente a cada cena, e perde o amor que havia em seus dois filmes anteriores. A questão inicial que o filme se propõe a nos questionar é: Pode o amor sobreviver a um longo período de exposição? Richard Linklater nos responde bravamente de uma forma um tanto romântica e dramática em Antes do Pôr-do-Sol, remodelando as vidas de Jesse e Celine num pano vivo, dentro de um casamento um tanto infeliz. A intensiva cena final é quase um tratamento de choque: o diretor nos sufoca e tortura em meio a progressiva destruição durante a cena da crise de Jesse e Celine. Com terror, frieza, romantismo e cor, o diretor expõe o retrato do casamento, e a infidelidade de Jesse. O medo de Celine, o pânico de Jesse, o encontro desses dois sentimentos tão parecidos de uma forma quase invisível, porém perceptível. É possível denotar a presença desses sentimentos durante os discursos amargurados e diálogos potenciais na cena de quase quarenta minutos que Linklater, Delpy e Hawke fecham a então trilogia. Porém, o amor salva o filme e na cena final, numa declaração romântica, Jesse reconquista e vence, e Celine se rende ao romantismo interminável do parceiro, numa cena tocante e visualmente intensa, que nos invade sentimentalmente e penetra em nossa alma. Poético e eterno, Antes da Meia-Noite encerra a trilogia de Linklater de uma forma tão triunfal quanto poético, e nos deixa com um ar de sensibilidade e romantismo duradouros e infinitos