IT - CAPÍTULO 2 (It Chapter Two)
Quando eu assisti ao primeiro filme lá em 2017 eu achei um tanto quanto interessante, gostei de algumas coisas e outras já não curti tanto assim. Na minha opinião o maior acerto daquele longa era sem dúvidas o elenco infantil (que deram um show), juntamente com o Pennywise (Bill Skarsgård).
IT2 traz a mesma fórmula do primeiro - sendo novamente dirigido por Andy Muschietti e roteirizado por Gary Dauberman. Em questões de direção Muschietti faz um trabalho convincente e competente, na medida que ele utiliza de diversos tipos de ângulos e tomadas de câmeras ao longa da trama. Com destaque logo para o início do filme com a cena do ataque na ponte, a cena da reunião no restaurante chinês, as cenas do parque de diversões juntamente com a sala de espelhos. Temos várias cenas ao longo do filme em que percebemos o seu trabalho se sobressair. A fotografia do longa também está muito bem trabalhada, juntamente com aquele contraponto de cores com a escuridão. É muito perceptível como a fotografia se destaca ao longo do filme - como no início e na metade do filme no parque de diversões, várias cenas que se passa na cidade e nas redondezas de Derry. A trilha sonora está à cargo do compositor Benjamin Wallfisch (que também esteve no primeiro IT), e de certa forma está mediana, consegue acompanhar bem as cenas mais descontraídas e as cenas mais tensas. A trilha sonora não é um grande destaque, mas também não chega a comprometer.
Já no roteiro não podemos esperar grandes coisas - pra ser bem sincero é um roteiro bem clichê, onde só de lermos a sinopse já imaginamos todo o filme (e assim ele transcorre até o final). O maior acerto do roteiro é a volta da reunião do "Losers Club" depois de 27 anos, agora com cada personagem na sua fase adulta, onde cada um tem suas próprias vidas seguindo os seus próprios caminhos. Destaco o ponto que eu mais gostei do enredo: o fato de cada um retornar para a cidade de Derry e naturalmente todos os seus traumas, medos e frustrações de infância retornarem com eles, ou possivelmente eles não retornaram, mas estiveram todos esses anos guardados com cada um. A partir de então o filme passa a ficar bastante interessante, ao começarmos a acompanhar cada um revivendo o seu passado em um determinado local da cidade. Cada passo da sua vida adulta era um contraponto com a figura de cada um na sua infância, revivendo seus traumas quando encontravam um local ou algo que revivia os seus pensamentos passados. Pra mim esta parte ficou muito funcional, achei uma sacada muito boa do roteiro em expor a figura adulta com a figura da infância ali frente a frente no mesmo local revivendo o que viveram 27 anos atrás (e principalmente porque muitas das coisas que foi revivida não foram mostradas no primeiro IT).
Embora as subtramas de cada personagem tenha me agradado, eu acho que o roteiro se alonga demais, se estica demais, ao ponto de se tornar cansativo. Claramente o roteirista queria dar bastante ênfase em cada personagem na sua vida adulta fazendo um contraponto com a sua infância. Porém se pegarmos o início do filme (até a reunião do grupo), passando pelas subtramas, até chegar no embate final com o Pennywise, fica claro que o roteirista Gary Dauberman deu uma pesada na mão (por mais que o filme seja uma adaptação da obra de Stephen King). Eu acho que o filme ficou longo demais e na minha opinião não era necessário quase 3 horas de duração, podendo facilmente retirar uns 30 minutos.
As escolhas dos atores eu achei acertadíssimo, com uma semelhança incrível das crianças do primeiro filme. Era como se cada um ali fossem realmente a forma adulta de cada criança.
Jessica Chastain pra mim é a melhor de todos no elenco! Sua aparência com a Beverly de Sophia Lillis está incrível - pelos cabelos, o tom de pele, a sua expressão, seus olhares e seus gestos. Não poderia ter uma atriz melhor pra viver a Bev adulta do que a Jessica Chastain. Jessica entregou a melhor atuação do filme, tanto em questões emotivas, dramáticas, com um gestual e uma expressão que condizia muito bem com o que a sua personagem havia vivido no passado (destaque para a cena em que ela chega na sua antiga casa e descobre o que aconteceu com o seu pai). Assim como a jovem Sophia Lillis (que é uma graça de atriz), que assim como no primeiro IT, aqui também ela deu um show de interpretação e atuação.
James McAvoy também foi um escolha bem acertada para viver o Bill Denbrough de Jaeden Lieberher na fase adulta. McAvoy conseguiu fazer o contraponto perfeito com o Jaeden, principalmente nas cenas em que os dois estavam contracenando juntos. McAvoy é um belíssimo ator e parece que não existe um trabalho que ele não faça com o amor na arte de atuar. Jay Ryan é o que mais sai do personagem Ben Hanscom de Jeremy Ray Taylor, muito pela a sua forma física de infância e de fase adulta - porém ambos fizeram um bom trabalho. Bill Hader e Finn Wolfhard fizeram o Richie Tozier em suas duas fases e ficou bastante convincente. Isaiah Mustafa foi um personagem bastante curioso em interpretar a fase adulta de Mike Hanlon, principalmente pelas suas escolhas em relação a fase de infância do Mike de Chosen Jacobs - Mike adulto foi o responsável pela união do grupo depois dos 27 anos, e eu achei interessante. James Ransone e Jack Dylan Grazer fizeram o Eddie Kaspbrak em suas duas fases e entregaram um bom trabalho. Assim como Andy Bean e Wyatt Oleff, que interpretaram as duas fases da vida de Stanley Uris - porém ambos não foram grandes destaques, muito pelas escolhas de roteiro para com os seus personagens.
Bill Skarsgård faz novamente um ótimo trabalho na pele do Pennywise. Apesar que aqui temos uma menor exploração sobre o próprio Pennywise em relação ao IT1. Acho que pelas escolhas de roteiros com as subtramas das fases adultas das crianças, o Pennywise acabou ficando bastante coadjuvante. Mas o trabalho multifacetado de Bill Skarsgard continua sendo um show à parte, ele entrega mais uma vez um Pennywise tenebroso, sombrio, macabro, com um gestual e umas expressões de nos deixar boquiabertos (e assustados também). E pra quem prefere assistir filmes legendados (assim como eu), vai se espantar com o tom que ele impõe em sua voz e a maneira como ele utiliza a sua voz na interpretação do palhaço Pennywise - é mais um detalhe desse trabalho fantástico de Bill Skarsgård.
Porém, assim como eu já havia relatado em minha crítica de IT1 lá em 2017, quando mencionei que o diretor Andy Muschietti exagerava demais nos efeitos especias encima das criaturas bizarras (como ele também já havia feito em "MAMA" 2013). Aqui ele persiste no mesmo erro (pelo menos na minha opinião), que é colocar um certo exagero de efeitos especiais em suas criaturas (como no próprio Pennywise), achando que de alguma forma isso impactará ou causará os famosos 'Jump scare' em seus espectadores. Bem, pode até funcionar para alguns, mas não funciona pra mim, de certa forma eu acho muito bobo e até mal feito, chegando até achar engraçado ao invés de assustador (que é o claro intuito). Mesmo compreendendo que essas escolhas não passam apenas pelo diretor, mas também pelos roteiristas, produtores e outros mais envolvidos no filme (ou até da própria adaptação). E mesmo se tratando de um terror 'terror trash', eu acho que tem partes que o filme viaja demais (poderiam dar uma seguradinha), e dessa forma este modo James Wan de Andy Muschietti não me agrada tanto.
Entre erros e acertos, 'It – Capítulo Dois' consegue ser um bom filme do gênero terror, consegue nos prender (apesar do seu longo tempo) e nos entreter. Mas é o típico filme que dividirá centenas de opiniões, acho que até desagradando mais do que agradando. Pra mim ele desagrada em umas coisas e agrada em outras, mas de certa forma as partes que me agradou supera as que me desagradou, e no final eu gostei do filme [20/05/2020]