O Filme de Ridley Scott ÊXODO – DEUSES E REIS é uma releitura do relato bíblico do livro de êxodo que narra o famoso milagre da travessia do mar vermelho. Contudo, o diretor não seguiu a risca os acontecimentos. Considerando que ele sendo ateu, não teria a mesma visão que um religioso tem, por isso, retirou do filme a imagem de Deus, construída na Bíblia e a rebaixou a uma criança “arrogante”, acabando por retirar também a ação milagrosa de Deus na abertura do mar.
Os erros em relação ao “script” original são evidentes, basta apenas ao leitor ler a Bíblia sagrada que perceberá que a cena da sarça ardente está completamente equivocada, (sob o ponto de vista bíblico), já que Deus foi retratado como uma criança, e a conversa deles foi rápida e o diretor fez com que esse episódio parecesse uma ilusão da cabeça de Moisés, algo como uma “esquizofrenia” ou “delírio”; uma ironia, percebo, pois, na mente de um não cristão, “como poderia Deus falar como um homem por meio de uma planta que não queima?” então deixou que o telespectador decida por si mesmo a questão: delírio ou fato.
Outro, entre tantos equívocos,
está no fato de que os dez mandamentos foram escritos por Moisés.
Aliás, os dez mandamentos foi um momento peculiar no relato Bíblico, se a direção tivesse feito igual ao original, teria melhorado o filme, já que a entrega deles envolve monte, fogo, trovões e terremotos – os efeitos seriam incríveis. Mas enfim, foram demasiados tropeços.
Quero deixar mais claro outro aspecto. Em determinado ponto do filme passa-se um diálogo entre Moisés e o vice-rei que cuidava da cidade de Pitom. Nele o homem ironiza o povo de Israel dizendo que o próprio nome deles – Israel- significa “brigar com Deus” em contra partida, Moisés refuta afirmando que não é brigar e sim “lutar”. Para tentar deixar mais nítida essa questão explico a vocês, caros leitores. Na verdade quem me esclareceu sobre isso foi o Dr. Rodrigo Silva em uma palestra realizada em Teixeira de Freitas – BA. Explica que o povo de Israel não se curva sem antes questionar, é aquela velha frase “duvidar para crer”, aqueles que obedecem cegamente sem outrora terem tido um encontro com Deus, quase que um confronto, não seguem o exemplo bíblico, como por exemplo a história de Jó e de Jacó, ambos questionaram a Deus, e por isso vieram a entender seus planos e ações. Esse é a síntese do sentido dessa expressão.
Ao ler as outras criticas referente ao filme, percebi que muitas delas dizem mais ou menos assim: “muitos cientistas afirmam que não existem prova científica para a história do mar vermelho”. Curiosa que sou, foi atrás dessas provas, que já tinha lido em algum lugar antes. Foram achadas aquelas que podem ser as rodas das carruagens do exército egípcio, muitos cientistas concordam que pode ser devido às evidencias; foi o arqueólogo Michael Rood quem encontrou através de filmagem subaquática. Os cientistas Carl Drews e Weiging Han fizeram uma pesquisa para descobrir se era possível o mar formar essa coluna de água descrita na Bíblia. Considerando o relevo da época, descobriram que se o vento estivesse a 100km/h, em um período de 12 horas seria possível ocorrer de o vento levantar o mar. Portanto é até mais lógico crer nas colunas de água.
Porém o que mais preocupa é a construção da imagem de Deus feita nessa película. Os sites que discorrem sobre o filme o definem assim: “criança insolente” “birrenta” “autoritário” “arrogância apressada” “Deus infantil” “decidido” “cruel” entre outros. Sabe-se que o Deus de Israel não é assim. Ele quer proteger seus filhos para que não conheça a própria pele as consequências dramáticas do mal. É o Deus amor, por que Ele é o amor, então jamais teria essas características, apesar de ás vezes parecer, já que vemos tudo com o olhar humano limitado. Talvez a aparência de um Deus autoritário tenha a ver com a passagem bíblica que diz: “Deus endureceu o coração de faraó” (Ex. 9:12). Porém é preciso analisar algumas questões. O arqueólogo Dr. Rodrigo menciona que “A ideia de um faraó de coração duro pode ser ainda mais esclarecida se atentarmos para o fato de que o estudo de várias múmias revelou o estranho costume egípcio de colocar dentro do corpo mumificado um escaravelho de pedra bem no lugar do coração” assim o a palavra traduzida por endurecer tem sentido de “tornar em pedra” e não a conotação que o português tem dessa palavra, no sentido de que Deus não deu o livre arbítrio para o faraó.
Esclarecido, então, Deus pelo contrário, não é birrento, mas misericordioso, mandou as pragas a fim de provar que Ele é o único Deus, e retirar o pensamento de faraó que ele é o deus. Cada praga foi uma oportunidade para o líder egípcio de arrepender e deixar o povo ir, mas precisou de dez pragas e o milagre do mar para que entendesse a soberania do Deus de Israel. Então não é infantil um ser que quer perdoar mesmo diante de tantas ofensas a Ele feitas, um ser que opera milagres, que fala com o povo, que mostra o caminho a seguir, através dos mandamentos. Esse é o Deus que Scott negou em seu filme.
Não foi a toa que o filme foi proibido de assistir no próprio Egito e nos Emirados Árabes, pois as autoridades consideraram a reprodução “distorcida” (R7). E é bastante. Entendam que ao fazer um filme baseado em um livro é de se esperar que venham as críticas, pois os leitores querem ver o enredo semelhante ao relato escrito, assim, os que leem a Bíblia, o livro que baseou Ridley, é justo que se pronunciem como qualquer leitor de outro livro o faria.
Portanto, jovens, cuidado ao assistirem essas produções hollywoodianas que são a contrafação a verdade por que “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”, quanto mais assistirmos essas coisas, mais acharemos normal, e um dia iremos acreditar nelas. Esse é o poder da contemplação. Cuidado com as entradas da alma: visão e audição.
Por Yasmin Freitas.