O filme é lamentável. Se eu digo porquê? Mas é claro que sim. Aqui vai... Tem sido hábito de (alguns) roteiristas juntarem os mais comuns elementos para tentar tornar roteiros marcantes. Homicidios, investigação, evidencias, suspeitos estão entre esses elementos. A questão é que quando tudo isso é nada verossímil, ou seja, é arranjado, roteiros tendem a se tornar até mesmo peças de deboche, o que torna os filmes grandes tolices.
Assim é esse "Tese sobre um Homicidio", filme argentino, dirigido por Hermán Golfrid e com a presença (sempre ele) do ator Ricardo Darín. Falou em filme argentino, lá está ele, quase sempre. O filme é um conjunto de situações arranjadas, na tentativa de se chegar a um belo filme de suspense, o que não conseguem, claro. Afinal, nem todos são Alfred Hitchcock ou Stephen King. Não são nem chegam perto.
Se não, vejamos... O protagonista é ex advogado, especialista em Direito Criminal e professor universitario. Mas não é alguém sensato, controlado nem que age à luz do Direito. E ele cria um suspeito pela morte de alguém, em frente à universidade onde leciona. E tem acesso a tudo sobre o caso, por ter amigos na policia e na justiça (olha aí o roteiro arranjado). Na delegacia, numa daquelas coincidencias criadas só em roteiros, ele faz contato com a chorosa irmã da vítima e, pasmem, tornam-se tão íntimos que chega a embrulhar o estômago. Como pode algo assim?
E tem mais: ele tem acesso ao corpo da vítima, lá no necroterio, por ligações com o médico legista (que lhe deve favores). Mais náusea e vontade de vomitar. O médico afasta-se um pouco só para ele roubar uma das evidencias: uma corrente com pingente de borboleta, usado pela vítima. Caramba... Um ex advogado, professor de Direito Criminal, amigo de gente da policia e da justica... Roubando uma evidencia e o médico sem notar. Tudo porque ele acha que é detetive, além de ser tolo. Que roteiristas, oh, raios!
E a coisa continua... O sujeito tem odido do suspeito, que é aluno dele. Apesar desse odio, ele indica a propria faxineira para trabalhar no apartamento do suspeito. Assim fica resolvido, pelos roteiristas, mais um "problema": ele pega a chave do tal apartamento, na bolsa da faxineira, e vai visitar o local. Lá, com a maior facilidade do mundo, encontra recibo de uma farmacia e o passaporte do suspeito, onde consta, entre outras coisas, carimbo de entrada em Portugal, onde houve crime considerado parecido. Pronto: isso é mais um elemento para associar o suspeito aos crimes: o de Portugal e esse agora, em Buenos Aires.
Pensam que acabou? Que nada! O criminosos usou luvas (perdendo uma no local, olha o roteiro arranjado). Usou também formol e serginga. O ex advogado e detetive de araque vai, então, à farmacia e compra os mesmos produtos, mais uma caixinha de balas (mania do suspeito dele) e pimba: o total das compras é o mesmo valor que gastou o suspeito. Que nojo! Que situação vergonhosa, acho! O sujeito poderia simplesmente conferir os preços, mas ele compra tudo e guarda no armario do banheiro do apartamento dele. Para quê? Ora, para alguém descobrir. E é o que acontece com a irmã da vítima, que o visita mais uma vez e, no banheiro, encontra tudo o que o criminoso usou quando da morte da irmã. Que solução pobre, criada por quem escreveu o roteiro.
A corrente com pingente é ofertada à irmã da vítima que a usa imediatamente. Com isso, o detetive improvisado quer atrair o suspeito dele e consegue, mas não como ele desejava. E tudo segue assim nesse filme sem sentido e com situações arranjadas. Querem mais? Querem saber mais? Pois assistam o tal filme e voltem aqui para me dizer. Não posso deixar de mencionar o péssimo desempenho da menina, a irmã da morta. O nome dela é Calu Rivero e que trabalho ruim. Achei e fica "achado", a menos que me provem o contrario. 📽