Filme “Até o último homem” e a arte da guerra
Desde alguns estudos recentes, quando pesquisava sobre Convenção de Genebra, sobre a Cruz Vermelha e ações humanitárias em guerras, como crimes de guerra e Tribunal Penal Internacional, até o filme que assisti de forma didática essa semana, chamado “Até o último homem”, que relata médico que esteve na Segunda Guerra Mundial, sem pegar na arma ou treinar tiro, mostram o aspecto do pacifismo. Também em “A arte da guerra”, livro de Sun Tzu, mostra outro aspecto, mais oriental, da guerra e estratégias relacionadas e ela, além de outros aspectos da vida.
Diz o livro A arte da guerra que “A arte da guerra é questão vital para o Estado”. Nisso vem muito o chamado patriotismo, que alguns filósofos já questionaram ao seu tempo, entendendo serem cidadãos do mundo. Hoje toma nova força esse patriotismo, e o filme mostra americanos lutando mortalmente contra japoneses, nessa operação com nome de “Serra”, que seria pelos soldados escalarem em uma serra ou paredão. Já o filme mostra o soldado Desmond T. Doss, de ideologia pacifista, chegar a ser agredido por colegas soldados, haja vista não querer colaborar com a guerra, mas sim salvar pessoas e servir como médico. Nesse ato, ele chegou a salvar em torno de 90 soldados, em meio a campo de batalha, e do mesmo modo servindo a vida, e não a pátria ou mera nação. Cristão que era, ele evidenciava o mandamento de Deus: “não matarás”. O Estado sacrifica por outro lado, muitas pessoas. A fim de manter uma economia estável, não raro inventa guerras a fim de garantir petróleo, como ocorreram em últimas décadas, do mesmo país ou Estado. Raimon Panikkar disse que a competição será a última guerra que acabará com o mundo. Disse Ralph Maxwell Lewis que “Sou culpável de provocar a guerra quando creio que o Deus que eu concebo é o único que os outros têm de aceitar”. Isso apareceu mais nas guerras contra países de religião islâmica, ademais, e se mostrou confuso. No filme se percebe uma guerra injusta, com navios e canhões americanos, bem como de túneis em japoneses e um sentido limitado, onde a paz ou mesmo se cuidar da vida e a salvar foi o caminho acertado, no caso de Doss. Ele inclusive participa já idoso de comentário sobre o ocorrido, ao final da produção de Mel Gibson, que deixou o filme com cara de Paixão de Cristo de guerra, com certo sangue e fé.
Por fim, semelhante a soldado Desmond Doss, um herói de guerra, ou de paz, se mostram organizações como a Cruz Vermelha, bem como regras de guerra, preservando civis e pessoas que não merecem sofrer ou morrer em meio a arte da guerra. Sun Tzu dizia que “Na guerra, preze pela vitória rápida”. De fato, o melhor caminho seria a paz, superando diferenças culturais e religiosas, usando diplomacia e negociações, mesmo tratados de paz. Mas, por fim, o filme é uma boa opção a se analisar a vida militar, sua disciplina e heróis que morreram em prol do Estado, em um patriotismo que nem sempre se justifica. Atualmente, a guerra ideológica vem também matando pessoas, seja socialmente, seja existencialmente. Sejamos o último homem a se lutar pelos pobres, e pela paz, afastando as armas de palavras ofensivas em redes sociais.
Mariano Soltys, professor e advogado - autor de livro Filmes e Filosofia