“Até o ultimo homem traz aspecto de outros filmes como: “O resgate do soldado Ryan”, “Nascido para matar” e até mesmo “Apocalipse Now”. Que são todos ótimos filmes para se inspirar, mas mesmo assim, o novo filme de Mel Gibson tem sua personalidade própria sim, ele é lindo, tocante, chocante, violento, deslumbrante e quase místico, pois a historia de Doss é quase mitológica. Temos aqui um roteiro que não trabalha com a linearidade, começamos pelo final, vemos o inicio, o meio, o início e depois é só avanço, mas essas mudanças são tão sutis, que se você não estiver atendo, nem percebe, é um roteiro que poderia desenvolver mais algumas questões como o seu irmão ter ido a guerra e também o seu relacionamento que é muito repentino, mas no final você entende porque tomou o rumo que tomou e acaba aceitando. Temos a historia de Desmond T. Doss (Abdrew Garfield), um soldado que vai a segunda guerra sem ao menos portar um arma, e acaba sendo o homem mais corajoso de seu batalhão trabalhando como medico entre as trincheiras e sendo guiado por sua fé. O filme trata sobre religião de uma maneira excelente, não somos obrigados a aceitar a fé de doss, ele não obriga ninguém, e apesar de todos os comentários contrários e questionadores a sua fé, ela está lá, e sua coragem não vem de segurar uma arma, Doss prova que a coragem está no ideal do homem, também é tratado os horrores da guerra, Gibson não tem pudor algum ao mostrar corpos dilacerados, vísceras e banhos de sangue, isso é uma guerra, é para você ficar desconfortável mesmo, é para você repudiar isso, e o filme não trata o drama da guerra apenas em batalha, vemos o drama de Tom Doss –Pai de de Desmond- que perdeu amigos na grande guerra, e agora teme perder seus filhos, temos alguns relances sobre violência domestica, mas tudo com o olhar de flashbacks e muito superficialmente. Os destaques técnicos não ficam para a fotografia ou trilha sonora, embora ambos sejam bons, não há nada que se destaque mais que a mixagem de som desse filme que é espetacular, cada tiro passando de raspão você sente que passou em você, cada carregamento de arma, cada facada de mosquete, cada homem que cai no chão, cada explosão ou disparo é extremamente vivo, você repara em todos, não é algo comum como na maioria dos filmes de guerra. Andrew Garfield tem uma atuação espetacular, ele está completamente perfeito, quando ele chora, você chora, quando ele ri, você ri, quando ele se emociona, você já está completamente emocionando junto a ele, vale uma estelinha também para o Hugo Weaving, que eu achei espetacular como coadjuvante interpretando pai de Desmond, embora o mesmo tenha pouco tempo de tela. Mel Gibson não pode ficar mais dez anos sem produzir nada, nenhum de seus filmes é uma grande obra de arte, mas todos são ótimos. “Até o Ultimo homem” não é perfeito, tem muita repetição de ideia, e alguns recursos técnicos que não tocam o telespectador como deveria –Sorte que a atuação de Andrew soterra esses problemas-, alguns pontos de roteiro não desenvolvidos como expliquei anteriormente, mas somos brindados com ótimas cenas de batalha, boas atuações, e uma historia que tocara até o mais dos carrangudo telespectador, e foi muita sensibilidade de Gibson terminar o filme do jeito que terminou.