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    As Aventuras de Paddington
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    As Aventuras de Paddington

    Fala, mano!

    por Francisco Russo

    Toda cultura possui suas peculiaridades, que muitas vezes resultam na criação de personagens extremamente populares em determinado local e pouco conhecidos no restante do planeta. Um caso claro acontece aqui mesmo no Brasil, onde a turma da Mônica é um verdadeiro fenômeno. O pequeno e educado urso Paddington é o exemplo inglês desta realidade. Criado em 1958 e presente em vários livros infantis e até mesmo em uma série de animação produzida pela BBC, nos anos 1970, poucos sabem quem é ele fora da ilha britânica. Entretanto, tamanho desconhecimento não é tão relevante assim no atual mercado cinematográfico, onde muitas vezes a marca é mais importante do que o conteúdo.

    Assim sendo, As Aventuras de Paddington chega às telonas disposto não apenas a aproveitar a fama do ursinho junto aos ingleses mas também a popularizá-lo mundo afora. A tática explorada é a já conhecida mescla entre atores reais e animação computadorizada, utilizada com competência em filmes como Scooby-Doo, Zé Colmeia e Os Smurfs (não por acaso, também clássicos infantis). Aqui, mais uma vez, funciona. Os efeitos especiais usados na criação de Paddington são competentes, especialmente em relação ao balançar dos pêlos de acordo com os movimentos do personagem. A interação com os atores também flui bem, não apenas nas conversas como nas sequências onde alguma trapalhada acontece.

    No fim das contas, a dinâmica de Paddington com os integrantes da família Brown lembra bastante outro filme infantil que também tem como foco principal os acertos e desacertos decorrentes da adoção de um animal por uma família humana: O Pequeno Stuart Little. As confusões provocadas por Paddington diante de seu desconhecimento da vida civilizada rendem sequências divertidas, que prendem a atenção de crianças e adultos. O tom infantil é soberano, presente não apenas na abertura meio insólita na floresta peruana – em preto e branco, simulando um documentário antigo – como na vilã caricata interpretada por Nicole Kidman. Já o elenco conta com nomes bem conhecidos do cinema britânico, como Jim Broadbent, Julie Walters, Imelda Staunton, Michael Gambon, Sally Hawkins e Hugh Bonneville, todos compondo bem seus papéis.

    Por mais que seja um filme leve e despretensioso, As Aventuras de Paddington tem como agravante a dublagem brasileira. Não apenas pelo nítido sotaque paulista de Danilo Gentili, dublador de Paddington na versão nacional, mas principalmente pelas estranhas opções na adaptação do texto original. Citações ao Corinthians e ao Flamengo surgem sem que haja o menor contexto para tanto e a saudação local utilizada pelo jovem urso é um paulistíssimo “fala, mano”. Difícil de engolir, ao menos para os mais crescidos. Aos menores, cumpre a cota básica de trapalhadas esperada em filmes deste tipo, apesar de não brilhar.

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