Enrolado. Essa é a primeira palavra que me vem à cabeça quando se trata desse filme. A gente sempre espera que filmes com um quê de faroeste sejam agitados, cheios de ação, caubóis sujos machões e bolas de feno rolando pela estrada de chão. Os caubóis (ou ao menos uma versão mais moderna deles) estão garantidos. As bolas de feno na estrada de chão também. Mas a ação… Essa o diretor David Michôd ficou devendo em seu novo filme "The Rover – A Caçada".
Pra começar, o filme leva um tempão pra engrenar. Por pelo menos meia hora, o espectador fica naquela esperança de que algo interessante vai acontecer, só pra se sentir frustrado e com aquele pensamento “quando é que esse negócio vai começar de verdade?”. O roteiro é lento e arrastado, e a semelhança visível com "Mad Max" acaba sendo um ponto negativo – pois uma vez que boa parte da graça do filme de 1979 era justamente sua originalidade, "The Rover" não apenas perdeu esse quesito como a verdadeira inovação trazida por Michôd (a revelação da motivação ferrenha do protagonista por recuperar o carro) é explicada apenas no final do filme e, cá entre nós, sequer é tão legal assim. Além disso, a trilha sonora, que poderia ajudar a dar uma “animada” na história, é bem, digamos, minimalista, dando lugar muitas vezes a meros efeitos sonoros, deixando a música de lado. Pra mim, que adoro música, não deu certo.
Pra não dizer que é tudo uma porcaria, a atuação da dupla Pearce & Pattinson é bem interessante. Especialmente a de Pattinson, que prova de uma vez por todas que consegue incorporar papéis decentes e se afasta definitivamente do estigma do vampiro do Crepúsculo. Dá pra dizer, também, que o filme, em certo ponto, até ganha um gás, contagiando o espectador com o relacionamento inusitado entre Eric e Rey, fazendo-nos começar a torcer pela dupla – o que é sempre essencial em produções desse gênero.
Não é de todo ruim, até vale como entretenimento. Mas não espere muita coisa e se prepare pra ficar bastante entediado em vários momentos.