Uma história de pianista. Normalmente, ao falar nisso logo imaginamos algum drama em torno do personagem principal como acontece no clássico de Roman Polanski "O Pianista". Porém, no filme "Toque de Mestre" (originalmente "Grand Piano") recebemos um suspense. O filme acompanha o pianista Tom Selzinick (Elijah Wood) que há cincos anos teve um erro fatal numa apresentação e por isso foi afastado dos palcos. Agora, o pianista resolve reapresentar-se, mas o que ele não esperava era que um assassino ameaçasse matar ele e sua esposa se não acertasse todas as notas musicais. O filme com mais ou menos 1 hora e 20 desenvolve-se nesse suspense.
O roteiro é de Damien Chazelle ("O Último Exorcismo - Parte 2"). Apesar de apresentar bem os personagens e já apresentar uma história sufocante e arrebatadora desde o princípio, o roteiro peca na resolução do conflito. Afinal nesse tipo de filme a motivação do matador deve ser bem explorada ou, pelo menos, plausível. Porém, em "Toque de Mestre" não existe uma explicação convincente, tampouco um matador surpreendente. O suspense em cima do matador é muito mal explorado, afinal o seu ator (John Cusack) já aparece nos créditos iniciais. Essa infantilidade no roteiro deixa uma premissa que parecia boa tornar-se um filme totalmente esquecível e desprezível. O protagonista até que é bem apresentado e seus conflitos internos são interessantes, mas a situação que o rodeia é muito inverossímil.
A direção é de Eugenio Mira. Mesmo sendo um diretor com um currículo não muito extenso no cinema, ele conduz bem a direção. Eugenio usa bem das cores vibrantes para passar um sentimento claustrofóbico ao espectador que se vê preso àquela situação, mesmo com um roteiro raso. Seus movimentos de câmera também são muito bem trabalhados e a fluidez que ele usa para realizá-los é perfeita. Ele consegue fazer belos quadros, focando sempre a atenção a algum detalhe que será importante na história. Uma direção consciente e bem feita, por um espanhol que pode dar o que falar. Decorrente de seu excelente enquadramento, o filme ganhou uma ótima fotografia. A fotografia consegue usar dum cenário limitado para belos enquadramentos. A trilha sonora também é fantástica e o ritmo das músicas se encaixam com o drama do protagonista. A montagem do longa é bem feita, simples e eficiente. Visualmente outro ponto forte do filme é o figurino que remete ao público que vai à espetáculos do nível.
O elenco é praticamente composto somente por Elijah Wood ("O Senhor dos Anéis"). É sempre ele o centro das atenções e o núcleo da narrativa. A dúvida que muitos devem ter é: será que Elijah Wood, marcado por interpretar Frodo em "O Senhor dos Anéis" consegue fugir desse estilo de atuação e embarcar em outro. A resposta é mais ou menos. É evidente que Elijah conseguiu interpretar um pianista com traumas e sob pressão, mas falta uma paixão maior na interpretação do personagem. Então, Elijah conseguiu fugir do estilo de papel que o tornou famoso, mas não embarcou completamente num outro estilo de atuação. Porém, do mesmo modo, o ator consegue carregar o filme nas costas sem prejudicar em momento nenhum.
Se você vai ao cinema esperando ver um excelente suspense com um final de explodir a cabeça, esqueça. Mas se você tiver a fim dum bom suspense, apenas como entretenimento a pedida é boa. Afinal, o longa desponta um desconhecido, mas bom diretor e um salto na carreira de Elijah Wood. Um filme com roteiro não tão afiado, mas com direção e trilha sonora que te deixam aflito o tempo inteiro.