Algumas das coisas mais esperadas de qualquer filme de guerra, disputa ou ação são grandes cenas de pancadaria, explosões e disputas, ainda mais quando o confronto é uma palavra-chave para o filme. Contudo, Planeta dos Macacos: O Confronto pouco mostra disso, o filme encontra maneiras muito melhores de nos mostrar suas mensagens.
Assim como o primeiro filme que trouxe a franquia novamente aos cinemas, O Confronto abusa de dramas, sentimentos e diálogos. A maior parte das disputas é resolvida na diplomacia, na tentativa de manter os dois universos, dos humanos e dos macacos, coexistentes.
Não é surpresa, portanto, que o minimalismo impere em várias cenas. Planos longos e com apenas um diálogo ou leve trilha sonora rolando são comuns, especialmente quando focados nos dois núcleos familiares, o de Caesar (Andy Serkis) e Malcolm (Jason Clarke). A maior parte do filme ocorre sem grandes explosões ou pesadas trilhas sonoras, o que torna as reais (e poucas) cenas de ação mais grandiosas. A tomada da cidade pelos macacos é um belo trabalho, criando uma confusão ordenada, sem que as informações apresentadas na tela fiquem ininteligíveis.
E um dos sucessos do primeiro longa, a sua trama, continua sua trajetória de sucesso aqui. Os símios estão em ascensão enquanto os humanos decaem (pelos mesmos motivos que a humanidade sempre cai diante um apocalipse) e é nesse ponto que o filme encontra seus confrontos. Confrontos que não se limitam apenas a disputa entre as duas espécies pelo controle da Terra, mas que está enraizado em cada personagem, cada grupo. Caesar enfrenta problemas com seu filho e o macaco Koba (Toby Kebbell), que quer apenas a guerra contra os humanos, não se importando com mais nada. Ao mesmo tempo ele tem que controlar o seu povo, mostrar que é o líder e cuidar dos problemas com os humanos, tentando evitar conflitos. O mesmo existe do lado humano. O personagem de Jason Clarke tem que se impor contra seus companheiros, que também querem a guerra, encabeçados por um Gary Oldman relembrando seus tempos de surtos. Nesse ponto as duas tramas se mostram como dois lados da mesma moeda. As semelhanças também estão no cuidado que os dois personagens principais tem com sua família, focados na missão de protegê-las. Na tentativa de resolver todos esses conflitos sem causar perdas para nenhum dos lados. É uma busca pela sobrevivência, nada mais.
Com isso, nós temos o sentimento como maior válvula do filme. O que o leva pra frente. Não é a toa que as melhores cenas são as que mostram as relações entre personagens, tão focadas nisso que tornam a trilha sonora apenas uma acompanhante tímida, focando totalmente no visual e nos diálogos.
Somando-se ao roteiro, temos o visual estupendo criado para o filme. Os macacos estão bem mais individualizados, muito mais “humanos”. Expressões são muito presentes (ainda mais nas cenas em close dos símios) e a sociedade criada por eles apresenta uma evolução enorme, até mesmo com símios médicos, com máscara feita de folhas e tudo, há uma sociedade dividida entre defesa, política, saúde e conhecimento. Filosofia se mostra presente na maior parte do tempo, com busca por conhecimento, não violência contra seus irmãos, tornando ainda mais forte a inserção dentro do universo do filme. No final você se vê apoiando o grupo de Caesar, criando laços com eles, personagens que conseguem ser profundos, mesmo com poucas falas.
Planeta dos Macacos: O Confronto trouxe muito mais do que prometeu. O filme trouxe uma evolução que respeita as suas origens, e não se preocupa em deixar uma trama cheia de portas abertas para uma sequência. O importante é contar a história que eles se dispuseram a contar direito e, para os que querem algo a mais, temos macacos falantes andando em cavalos. Com lanças. ;)