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    Atentado em Paris
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    Atentado em Paris

    Supercine

    por Rodrigo Torres

    Atentado em Paris estreia no Brasil em VOD após representar um belo estorvo aos seus distribuidores mundo afora. Adiado após os ataques à capital francesa em novembro de 2015, o thriller policial ficou poucos dias em cartaz na França, em julho do ano seguinte, devido a outro incidente terrorista, em Nice, no mesmo Dia da Bastilha que é tema do filme. Isto denota algo curioso, e triste: o risco que sempre será lançar projetos assim — o que reflete o mundo em que vivemos. Também curiosamente, o longa-metragem atrapalhado por esse caos social é justo o tão despretensioso Bastille Day (no original).

    A trama de Atentado em Paris segue Michael Mason, um batedor de carteiras vivido com muita canastrice por Richard Madden. Um dia ele rouba a perturbada Zoe (Charlotte Le Bon), carregando uma mochila que explode e transforma Mason no homem mais procurado da cidade — tanto pela polícia francesa, como pelo agente da CIA Sean Briar (Idris Elba). O policial durão logo se convence do mal-entendido, tão abruptamente quanto desvenda toda uma conspiração envolvendo não terroristas islâmicos, feitos de bode expiatórios, mas uma rede de corrupção composta por policiais franceses e um político com sede de dinheiro.

    Coescrito pelo diretor James Watkins e o estreante Andrew Baldwin, o roteiro de Atentado em Paris tem o mesmo anseio em discutir os subtemas polêmicos de sua premissa (são muitos: terrorismo, fundamentalismo religioso, corrupção, política, abuso policial, imigração, redes sociais) quanto de desenvolver seus personagens: nulo. As figuras são meros estereótipos, vergonhosamente chapadas, e essas questões estão ali presentes com o mero intuito de chamar a atenção do espectador incauto, conferir atualidade e uma pretensa relevância ao filme. Subaproveitamento completo.

    Nada disso é novidade no cinema de ação, que não tem um papel de exercer crítica social ou coisa que valha. Isso só chama atenção porque James Watkins investe demais na história, que é fraca, em suas reviravoltas, tão previsíveis, negligenciando atmosfera, ritmo, tensão e outros elementos que elevassem o nível do thriller. Assim, seu filme não passa de um policial francês padrão, à moda À Queima Roupa, até mais esvaziado em voltagem e com seu mesmo visual de telefime. A impressão geral é de um longa-metragem milimetricamente pensado para o público médio e distribuição em home video. Como uma boa opção no Supercine e nada mais.

    John Wick é um exemplo de trama exígua a serviço de cenas pulsantes, bem coreografadas e um personagem simples definido não pelo que é, mas pelo que faz — e que, assim, se torna grande, se torna um ícone, torna o filme ótimo. Atentado em Paris representa o oposto disso e se torna só esquecível. O mais lamentável é, novamente, o desperdício, já que seu protagonista é o talentoso Idris Elba. Com seu carisma, presença, tipo e estilo perfeitos a um astro de ação, o ator britânico (inexplicavelmente, interpretando um americano, como outros ingleses do elenco) é a força que sustenta Bastille Day. Não à toa seu nome é constantemente citado para o futuro da franquia 007. Sem dúvida nenhuma, seria um bom James Bond.

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