Outro filme com a Kate Winslet que também tive dificuldades em encontrar por um tempo. Diferente de "O Expresso de Marrakesh", que é um filme primoroso e que retrata muito da cultura Marroquina-Árabe, "Fogo Sagrado!" não faz o mesmo com relação à Índia. A qualidade daquele é inquestionável, o que já não se pode dizer sobre este. O início do filme prende o espectador: é inevitável se questionar sobre a sanidade da mente da protagonista, após se deixar alienar por um guru indiano e até mesmo trocar de nome. Todo o processo de recuperação que a família busca parece ser interessante, com reviravoltas inúmeras e uma química curiosa entre Ruth (Kate Winslet) e PJ (Harvey Keitel). Só que da metade em diante, o filme infelizmente descamba em cenas de teor sexual gratuito e diálogos fracos, às vezes constrangedores. Em nenhum outro filme Kate Winslet protagonizou cenas de nudez ou eróticas tão diretamente apelativas. Falando de duas em específico,
(onde Ruth urina em si mesma, completamente nua e desorientada, e pior: uma cena de quase estupro em que me parece que a diretora Jane Campion buscou extrair alguma sensualidade de uma situação de clara violência)
chega a ser grotesco. A construção da relação dos protagonistas pelos protagonistas é bizarra, apelando para um viés psicológico de dependência amorosa bastante duvidoso e até mesmo absurdo. Os demais personagens não se destacam e não há coadjuvantes relevantes no filme. Se recomendaria o filme? Depende do contexto em que se irá assistir. Como simples entretenimento, talvez possa servir, se você busca um filme com muitas doses de "sensualidade". Como filme cult, digno de análise e reflexão de suas mensagens, Fogo Sagrado! tem defeitos enormes, bastantes evidentes e mesmo com uma atriz da calibre de Kate Winslet, pode ser uma experiência decepcionante.