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Marcio S.
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2,5
Enviada em 10 de outubro de 2014
Ao assistir ao trailer de God Help The Girl tive uma boa sensação. A minha impressão era que eu iria assistir a um filme que parecia algo introspectivo com notas de uma felicidade que brotaria gradativamente de cada cena. Porém ao me deparar com o produto final acabei por me deparar com algo introspectivo com notas de uma tristeza cotidiana. Isso me fez ter sentimentos antagônicos em relação ao filme. Ao mesmo tempo que o diretor Stuart Murdoch quis realizar uma obra sobre o crescimento emocional dos jovens, seus sonhos, com um viés voltado para algo em que essa juventude consiga superar e crescer dentro de si, ele quer falar sobre o não crescimento interior dos jovens e acaba jogando tudo por água abaixo no decorrer do filme. Eve (Emily Browning) é uma garota que após assistir uma violência continuada de seus pais dentro de sua casa resolve fugir. No decorrer da vida acaba parando em um hospital psiquiátrico. Ela se sente em algo semelhante a uma prisão e então foge. Conhece James (Olly Alexander) quando este “se apresentou” em uma boate com sua banda. Com o passr do tempo eles se tornam amigos. James dá aulas de música para uma garota chamada Cassie (Hannah Murray). Um dia ele resolve chamar Eve para ir com ele a casa de Cassie. Por os três nutrirem algo tão uno sobre música resolvem tentar montar uma banda. O diretor Stuart Murdoch consegue escalar para os papéis principais três jovens que possuem uma boa química entre eles, além de uma boa atuação principalmente por parte de Emily Browning. Ela consegue ser carismática e ter algo exótico, além de expressar algo que está embaraçado em seu interior, mas que busca o tempo todo achar os nós que originaram esse embaraço. Já Olly Alexander é introspectivo ao extremo e parece transformar seu James em algo que se contém ao extremo e que não consegue dar m passo adiante. Ele parece viver de sonhos em seu quarto. A personagem de Hannah Murray vive em sua casa na esperança de realizar algo mais palpável para sua vida, mas parece conservar uma lampejo de alegria misturado com tormentos. Os três conseguem tornar seus personagens bem caracterizados. O filme prega um designer de produção alegre e por isso busca compor locações extremamente coloridas e figurinos idem. Logo no começo o diretor opta uma fotografia que apague um pouco a vida que Eve tem dentro do hospital. Assim assistimos a algo colorido mais que é contrastado por um filtro azulado que tira as cores vivas da vida de Eve. Logo quando ela passa a cerca esse filtro desaparece e as cores na vida dela parecem ressurgir. O tédio de sua vida parece ter se transformado ou pelo menos sugerido uma transformação, de que um caminho melhor pode ser traçado. O roteiro do filme é contado através de diálogos e músicas que nos fazem leituras dos personagens e momentos em que estão vivendo. Nessa linha o diretor Stuart Murdoch vai compondo seu filme como um musical da década de setenta. Até há momentos de música e dança que remetem a esse período. Mas as músicas parecem ser uma antítese do designer de produção, pois trata de temas reflexivos sobre o interior dos personagens. Ao longo do filme esse contraste começa a me parecer algo estranho já que parece ser uma opção contínua o diretor. Se ele quis inovar e mexer com as variáveis (o que sempre é válido) infelizmente não foi uma boa mistura. O contraste ao longo do filme sugere algo visualmente fácil de ser visto, prazeroso, mas seu roteiro sugere o contrário. Isso fica mais evidente no decorrer do filme que acaba por abordar a dificuldade da passagem da vida jovem para a adulta de maneira que iremos extrair de sua essência uma paralisia do ser humano em seu estágio jovial no tocante a seu desenvolvimento. Veremos que ao mesmo tempo sonhamos, navegamos meio à deriva (como uma cena sugere), mas não conseguimos torna-los algo real, pois depende de tanta coisa. Isso fica mais evidente quando James fala uma vez no filme que o homem só precisa escrever uma música genial que viva nos corações das pessoas. Depois que Eve fala que isso deve ser fácil James retruca dizendo que várias pessoas vivem vidas vazias desperdiçadas em sótãos (aqui leio interior deles mesmos) tentando compor um clássico e que essas pessoas não sabem que não são elas mesmas que decidem se a canção vai ser um clássico ou não e sim Deus ou o lado de Deus que se preocupa com música. O filme para mim é definido aí, pois parece que os sonhos só podem ser realizados se algo divino acontecer. Assim o filme caminha para uma desolação total e acaba por compor uma obra triste, melancólica em um formato que busca o bem-estar e o bom humor. O diretor Stuart Murdoch (que é um dos integrantes do grupo Belle e Sebastian), em seu filme de estreia, acaba por aplicar uma fórmula contrastante que infelizmente não combinou. A boa parte fica por conta do trio de atores que em cena conseguem apresentar uma boa química.
Quando se faz um filme inspirado em um álbum, há duas formas de sair: uma história qualquer sem nenhuma conexão real com o clima do disco, ou uma extensão sensorial do que as músicas transmitem, como se aquela história sempre tivesse estado ali, encubada. Esse é o caso deste longa.
Ainda que ele transite pelo universo indie um tanto óbvio, não dá para negar o sentimentalismo verdadeiro que o roteiro de Murdoch transmite. Ainda que ele não faça questão de ser muito claro quanto a alguns pontos da trama.
O elenco? Mais afinado, impossível. Um dos filmes mais sinceros que passou esse ano.
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