É impressionante como alguns bons filmes, que estejam fora do esquema comercial hollywoodiano, simplesmente são ignorados pela crítica brasileira.
“Contra a maré” (horrível tradução para o título original “En solitaire”) tem como protagonista o ótimo François Cluzet, que ficou mundialmente conhecido pelo desempenho em “Os Intocáveis”, quando interpretou o aristocrata tetraplégico Philippe.
Frank Drevil (Guillaume Canet) está prestes a participar da Vendée Globe, competição que consiste em circum-navegar solitariamente o globo terrestre, à vela, sem escalas. Esta regata acontece a cada quatro anos e desde a segunda edição a partida acontece no mês de novembro em Les Sables-d'Olonne, em Vendée (França). Impedido de participar da regata, Frank pede a Yann Kermadec (François Cluzet), cujo sonho é velejar pelo mundo, ir em seu lugar.
Yann está na liderança da regata, mas tem que parar em um porto para consertar um dano no leme. Resolvido o problema, mas agora na 14ª posição, o velejador logo descobre que um menino da Mauritânia, de 16 anos, entrou escondido no barco e isto pode desqualificá-lo da competição, cujo regulamento exige a navegação solitária.
Durante o filme, além das inevitáveis cenas de luta contra o mar bravio e de fantásticos pores do sol, o velejador, que pretende deixar Mano Ixa (Samy Seghir) no primeiro porto que aparecer, vai construindo uma relação de afeto com o garoto, que tem como objetivo ir à França para tratar uma doença.
A distância entre o velejador e as pessoas que ama, filha e namorada, também é retratada, bem como as soluções que Yann tem que ir encontrando durante a competição para esconder a presença de Mano Ixa na embarcação e, assim, não ser desclassificado, ao mesmo tempo que tenta recuperar o terreno perdido devido a parada para o concerto e socorrer uma colega da competição que passa por apuros.
O final é surpreendente e, ao mesmo tempo, comovente, apesar de não conseguir fugir de alguns clichês.
Um bom filme, que recomendo, pois a 1h41min de duração passa sem sobressaltos para uma película que retrata alguém velejando “solitariamente” pelos mares do nosso planeta.
“Contra a maré” é um drama francês de 2013, dirigido por Christophe Offenstein e que teve orçamento de $ 17 milhões de euros.