Operação Ação
Aqueles que acompanham o cinema de ação sabem muito bem quem e quais são os expoentes do cinema atual. Grandes figuras como Tony Jaa, Dan Chupong, Jon Foo, Donnie Yen, Jay Chou, Nicholas Tse entre outros compõem um seleto grupo de artistas já consagrados em solo asiático, muitos deles já tento atuado em produções norte-americanas. Mas um astro com potencialidades marciais impressionantes veio a tona no mercado mundial com o excelente filme de ação OPERAÇÃO INVASÃO: Iko Uwais. O diretor Gareth Evans dirigiu nada menos que um dos melhores, mais impressionantes e claustrofóbicos filmes de ação do cinema, trazendo consigo a atenção do mundo para seu protagonista.
Como sucesso, era esperado um sequência que, no mínimo, mantivesse a ação desenfreada no primeiro, se possível acrescentando mais conteúdo à fórmula. OPERAÇÃO INVASÃO 2 tem início exatamente 2 horas após o antecessor, quando o único sobrevivente do massacre no prédio é assassinado. Como o indivíduo em questão possui laços com o protagonista, surge uma nova missão: identificar as razões do crime, desmantelar outra facção criminosa ainda mais violenta e, de quebra, desmascarar um influente policial corrupto.
O protagonista é Rama, um policial cuja função é se infiltrar na gangue de Bangun, um mafioso que fez fortuna oferecendo proteção para contrabandistas locais. Para entrar na gangue, Tama precisa se aproximar do filho do mafioso de uma forma pouco convencional: ficando preso e aos poucos defendendo-o. O que ocorre a partir daí é uma miscelânea de situações nas quais temos diversos personagens desenvolvendo o emaranhado de maquinações em torno da história, já que muitos tem influências diversificadas sobre determinados e importantes personagens. O enredo é adulto e não se esforça para entregar tudo facilmente, já que a história vai sendo desenvolvida com inteligência e perspicácia, amarrando as pontas e deixando que o espectador vá entendendo aos poucos o que se passa, sempre de forma inteligente e ousada.
Por falar em ousadia, as vastas e impressionantes cenas de ação estão repletas de ousadia por parte da direção e coreografia, não só nas lutas, mas em perseguições e tiroteios. Todas elas são dignas de nota, dificultando até mesmo citar ou elencas as melhores. Claro que algumas diferenças fazem jus ao status cult que o filme tomou, como a briga no presídio, usando um espaço extremamente cheio de lama, dificultando um simples passo, imagina uma briga com armas brancas; ou mesmo a perseguição em uma avenida, que tem uma divertida e intensa sequência de pancada dentro de um carro em movimento; e porque não dizer da apoteótica cena final, cuja coreografia é simplesmente soberba, cheia de detalhes e variantes que usam bem o ambiente sem jamais deixar de lado a pancadaria frenética... quem viu o primeiro pode esperar algo tão intenso quanto.
Tecnicamente falando o diretor também assume ousadias no controle das cenas, abusando de planos que variam conforme a sequência de ação. Em um dado momento, por exemplo, temos um sujeito correndo sobre uma mesa, ele pula por uma janela lateral e a câmera atravessa a parede acompanhando-o, inclusive na queda, como se o operador tivesse caído; ou mesmo uma já citada cena de perseguição, em que Tama briga com quatro indivíduos dentro de um carro em movimento, há um momento em que a câmera fica por cima do veículo, como se ele não tivesse teto, acompanhando a pancadaria. Tudo isso ajuda a compor a dramaticidade das cenas, com criatividade aguçada. Ou até mesmo os planos contínuos, como o que mostra o sujeito do bastão de ferro dando cabo em vários indivíduos sequencialmente.
OPERAÇÃO INVASÃO 2 é um filme nitidamente voltado para o público adulto, com ação desenfreada e muita, mas muita violência. Não há pudor em eliminar integrantes das facções e muito menos ameaçar matá-los, tudo é objetivo e sem brincadeiras. Mesmo que sangue e membros não jorrem como Kill Bill, situações como a do metrô/martelo ajudam a lembrar a obra prima de Tarantino, embora não seja um comparativo direto, este tem pedigree suficiente para se sustentar. Com 2h e 30min de ação frenéticas, a brutalidade não afugenta e ajuda a ficar na torcida por uma nova continuação de algo que, até Chuck Norris bateria palmas.