Inspirado por uma frase de Carlos Drummond de Andrade, Reichenbach escreve e realiza o seu filme mais linear. Misógino e verborrágico, O Paraíso Proibido faz a elegia do individualismo libertário. Como diz o personagem central : " É meu direito não fazer porra nenhuma; sobretudo, coisas que não valem à pena. " - É o supremo direito do recomeçar permanentemente que o filme procura evocar. Sob a superfície de um aparente melodrama romântico e erótico se esconde uma tragédia heterossexual. Não é o conflito que importa ao realizador, mas sim o mergulho no interior de um personagem desagradável, scorceseano, em permanente questionamento de si mesmo : um inconformista que, ao buscar uma vida provisória, tenta encontrar o seu espaço no universo. Não por acaso, O Paraíso Proibido faz referências constantes ao filme O Amigo Americano de Wim Wenders, e como este narra a história de uma amizade antiga e incômoda. Mais uma vez surgem temas recorrentes da obra de Reichenbach : a impossibilidade do isolamento absoluto e o embate cotidiano do indivíduo culto com os fascismos mais prosaicos.
"Este filme, que minha mulher diz ser é a minha cara, é o menos valorizado pelos meus amigos. No entanto, gosto muito dele. Talvez por ser o mais simples de todos. Talvez por seu matiz lilás que me transmite equilíbrio e graça. Mais uma vez, a fonte de inspiração foi o cinema dos sentimentos de Valério Zurlini. Celso Felix é um duplo do personagem interpretado por Alain Delon em A Primeira Noite da Tranqüilidade. Filmei O Paraíso Proibido lendo diáriamente os poemas de Jorge de Lima : Vinde vós da cidade para o campo, onde existe a aventura da malária."