“De olhos bem fechados” é um filme que se comunica através do sexo e da exploração dos conceitos de prazer, primeiramente vamos falar dos aspectos técnicos que são ótimos, a trilha sonora dispensa comentários, Stanley Kubrick pode não ter participado da pós produção do filme (o mestre veio a falecer antes), mas diferente do que a maioria das pessoas acha, para mim Stanley Kubrick ficaria muito orgulhoso da edição, a gente percebe que não é o Kubrick, em alguns momentos em que o filme abusa da trilha sonora (no inicio do filme, da metade pro final é compreensível), e as montagens de cenas, algumas são meio destoantes no que seria o prosseguimento natural da película, mas a fotografia, está perfeita, linda, é incrível como a mensagem é passada só pela fotografia do filme, no casal na cama, no casal brigando, no momento em que William Harford (Tom Cruise) entra na “Sociedade”, aqueles planos que passam a sensação de puro terror, é espetacular, as atuações são boas, nada mais que isso, Nicole Kidman tem até uns momentos de vergonha alheia ao tentar se parecer bêbada e o Tom Cruise parece estar sempre perdido, e em alguns momentos sérios ele simplesmente está rindo, mas isso não prejudica essencialmente o filme, o roteiro tem problemas de ritmo, mas é muito bem construído, os diálogos são ótimos, todos os personagens que aparecem são muito bem explorados, mesmo aqueles que aparecem 2min em cena, no final, apesar de ser um filme muito criticado, “De olhos bem fechados” é um ótimo filme, que eu tenho certeza que daqui a um tempo as pessoas vão começar a abrir os olhos e ver o que o filme diz, e ele vai virar um cult, como acontece com todos os filmes do gênio Stanley Kubrick.
SPOILER: De olhos bem fechados é um filme que mergulha de cabeça nas simbologias, vemos a vida de um casal bem sucedido, mas com o relacionamento já muito desgastado, vemos Alice, a esposa de nosso protagonista contanto a ele algumas historias, como o fato dela fantasiar com outros, logo após isso, William passeia por uma Nova York, e percebe a vulgaridade em tudo, ele quase se relaciona com uma prostituta, logo depois, se encontra com um amigo que o fala sobre uma festa um tanto quanto diferente, e é ai que o filme começa para mim, toda essa cena é sensacional, e extremamente tensa e apavorante, William dá de cara com uma espécie de seita de cunho aparentemente satânico (pelo circulo magico que fazem ao redor dele, pela musica que em alguns momentos é tocada de trás pra frente e pela orgia que lembra muito as passagens bíblicas de sodomo e Gomorra), e parecem estar profetizando um ritual de cunho sexual(muito comum nesse tipo de seita), e aparentemente todo alto escalão de Nova York está presente, quem realmente entende do assunto deve ficar eufórico por tanta simbologia que tem nestas cenas, William encontra sexo fácil a onde quiser, ele mergulha na psique do universo sensitivo, a onde todas as relações são ligadas ao sexo, até o cara que o vende fantasia (praticamente vendendo sua filha menor de idade), até a filha de seu amigo que morre(que beija William), a amiga da prostituta que o fala que Domino tem HIV, e no final até sua esposa que não fala que o amara para sempre, e sim momentaneamente, e fala que eles tem que fazer sexo, pois seguindo toda a logica do filme, toda relação social precisa ser contemplada pelo prazer para ter sentido.