Acabo de assistir Jogos Vorazes: A esperança – O Final, e sinto que o filme concluiu a história como tinha que ser. O mais interessante é que mesmo após o filme terminar, fico pensando/refletindo por horas, toda a trama do filme. Mas esses são os bons filmes, os que te fazem pensar, mesmo após o fim. Uma cena com poucos diálogos, com expressões ou com um simples gesto, podem dizer muita coisa, essas cenas tem muita informação a passar. E Francis Lawrence explora muito bem esse conceito. E isso envolve ainda mais quem está assistindo.
Vejo que o filme obteve um desfecho interessante, desenvolvendo de forma inusitada toda a trama do filme. Aquele final que todos esperam acontecer, ocorre antes que o filme termine. Deixando assim a possibilidade de explorar um pouco mais como ficara a história, após todos eventos ocorridos. Que de fato é bem interessante, assim podemos ver que mesmo que toda a guerra, que todos os problemas acabe, é difícil de se recuperar depois de tudo que acontece. Francis Lawrence tem uma enorme missão, nesse último filme. Pois ao fato de conquistar o público desde seu primeiro filme em 2012, com uma bela produção e uma incrível trilha sonora, é fato que todos esperam que o capítulo final supere seus antecessores ou pelo menos permaneça no mesmo nivel. Creio que o filme se manteve estável diante de toda história que tinha que ser apresentada.
Após os eventos ocorridos em “Em Chamas” fiquei um tanto preocupado. Fiquei pensando, “como podem continuar a história sem que ocorra os jogos vorazes, sem que tenha uma arena. Apesar, de ser um ato desumano e cruel, era isso que fazia com que todos quisessem assistir ao filme. Ver como ia ser o desenrolar da história perante uma arena, onde o objetivo era sobreviver.”
Pois bem, esse problema foi facilmente resolvido. Mostrando que a arena era algo proposital, controlada. Por mais cruel que seja, aquilo só envolvia os jogadores que estavam lá. Com o fim dos jogos foi mostrado que haviam problemas reais, perigos reais, que a arena era apenas um objeto no meio de tudo, para causar medo e evitar a guerra. Então percebi que o filme se manteve tão bom quanto antes, a diferença é que agora fizeram uma arena em um mundo aberto, onde todos estavam envolvidos. Não havia uma seleção.
Talvez o filme tenha obtido alguns erros em seu último capítulo. Nos três primeiros filmes, foi feito uma trilha sonora impecável, trazendo grandes nomes como Christina Aguilera, Coldplay, Sia, Glen Hansard, Monsters and Men e Lorde. Não vejo uma boa trilha sonora nesse último filme. Consegui observar de fundo, novamente o som de Buzzcut Season – Lorde, em algumas cenas onde causava mais tensão a quem assistia.
A tensão é outro detalhe importante, nesse último capítulo. O que acontece é que há cenas que ficaram equilibradas na emoção que era transmitidas. E nos momentos que deviam causar mais impacto, não era causado. Criando assim um equilíbrio não necessário, causando a mesma tensão em cenas onde deviam ser mais fortes que outras. Mas acho que isso nem sempre é o que constrói o filme. Pois mesmo com alguns erros, a trama obteve o suspense e reviravoltas, causados pelos filmes anteriores. E isto é muito importante, pois mesmo sendo uma sequência, deve se manter a essência que agradou ao público. E isso permaneceu. O filme obteve sem dúvida, mais acertos do que erros.
Outro fato, é a forma em que é feita uma relação à nossa sociedade, abordando problemas reais em que vivemos. As vezes um filme não depende só da historia apresentada. Mas sim a mensagem que está transmitindo pois, por mais inocente que seja o filme, sempre a uma crítica ou comparação com o que vivemos. Tudo que produzimos se baseia em nossas vidas. Jogos Vorazes, explora muito bem esse aspecto, pois diferentes de outras sagas do gênero (Harry Potter, Divergente, Percy Jackson, etc...), o filme trata de algo real, semelhante ao que vivemos, podendo até ser uma possível previsão para o futuro. Sendo assim podemos até nos identificar, com alguns personagens e ocasiões presentes.
Mas também temos pontos fortes, a identificação/semelhança de quem assisti com o que acontece no filme, é algo incrível. A forma como consegue envolver muito bem quem está assistindo, e nos relacionar com toda história que está sendo contada. Admito que no momento em que Katniss apontou sua flecha ao Presidente Snow, e teve aqueles 30 longos segundos de tensão, sem nada acontecer, somente com o suspense em cena, naquele exato momento, é uma das poucas vezes em que o coração acelera. O momento em que tudo pode acontecer, o momento em que você se coloca no lugar da protagonista e pensa em tudo que pode fazer e o que vai fazer. Isso é o melhor do filme, te envolver realmente com a história, te colocar dentro do filme.
Por fim, depois de horas pensando para escrever essa crítica, concluo que é um filme de ação, dramático e verdadeiro. Dentre todos os filmes da saga, digo que “Em Chamas” é melhor em questão da ação e das reviravoltas presentes. Mas o ultimo capitulo conclui a história, como tinha que ser, não havia forma melhor de fazer um filme fechar todo desfecho que foi apresentado. É um filme triste, solitário, que talvez não tenha tido o final que todos esperavam ou queriam. Mas é uma bela história. E histórias são feitas para serem contadas, não temos o direito de dizer se são boas ou ruins, podemos comentar e opinar, mas jamais dizer que é ruim. Suzanne Collins escreveu um livro impressionante, nada mais que um jantar solitário para quem lê. Diferente do filme que é servido para um público. E por mais triste que pareça ser o filme ele é verdadeiro, o tipo de filme que te deixa com um nó na garganta quando assiste. E que te faz pensar por dias, em todas coisas que o filme aborda, as perdas de pessoas queridas e como aquilo afeta você ou as consequências que uma guerra pode causar. Então após ver o filme e refletir, me pergunto “Quem é o verdadeiro Inimigo”.