O primeiro Mad Max é simplesmente sensacional. Primeiro filme de Miller e primeiro protagonismo de Gibson no cinema – há quem diga que o jovem ator ganhou o papel após ter se envolvido em uma briga de bar e seu rosto machucado ficou marcado na mente do produtor de elenco – a história se passa em uma Austrália recém pós-apocalíptica, onde as pessoas tentam sobreviver com recursos limitadíssimos, mas a criminalidade aumenta vertiginosamente. Cercados de um deserto imenso e longas estradas abandonadas, a população sofre com o surgimento de gangues violentas que roubam, estupram e fazem o que bem entendem sem medo da justiça, representada por um departamento que pouco pode fazer contra a burocracia dos tribunais, a falta de recursos e as poucas queixas prestadas pela oprimida população.
O policial mais temido e eficiente é Max Rockatansky (Gibson), recordista em prisões juntamente com seu amigo Jim “Goose” (Steve Bisley), ambos percorrem as estradas atendendo a chamados de emergência e tentando manter a ordem em um mundo visivelmente desacreditado e inóspito. Aos poucos Max vai percebendo que a situação está longe de melhorar, com inocentes morrendo e inúmeras batalhas que apenas mancham de sangue as estradas desertas. Cansado de tudo isso, ele decide aposentar-se mesmo a contragosto de seu superior (que acredita que Max seja um símbolo, um herói solitário em tempos de guerra), para passar mais tempo com sua esposa Jessie (Joanne Samuel) e sua filhinha. O que surpreende na direção de Miller é sua habilidade nas impressionantes cenas de perseguição em alta velocidade, muito bem coreografadas e com batidas e explosões viscerais e de tirar o fôlego do espectador. Mas talvez apenas esse jogo de “gato e rato” de Max perseguindo as gangues não fosse suficiente e, sabendo disso, o diretor adicionou um elemento que acabou movendo a trama do meio para o final do filme: a vingança. Em uma decisão ousada e acertada, vemos uma das gangues perseguir e assassinar friamente a esposa e a filha de Max que fugiam a pé pela estrada. Sem mais nada a perder, Mad Max busca sua vingança aniquilando um por um os malfeitores, e quando pensamos que ele irá saborear por completo sua vingança, o filme acaba repentinamente, deixando aquele gostinho de quero mais.
Ao contrário do que muitos pensam, considero este primeiro filme tão importante e bem feito quanto sua sequência, muito mais popular. Um filme de ação bem à frente do seu tempo, com algumas falhas (embora pouco expressivas), mesclando filmes referência de perseguição, como “Duel” (1971), de Steven Spielberg e filmes de vigilantes, bastante comuns na época. Custando $400 mil dólares e arrecadando mais de $100 milhões, tornou-se um dos filmes mais rentáveis da história e trouxe sucesso imediato a Miller e principalmente Mel Gibson.