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    Além das Montanhas
    Críticas AdoroCinema
    4,0
    Muito bom
    Além das Montanhas

    Fé e amizade

    por Lucas Salgado

    Com apenas quatro longas realizados, o romeno Cristian Mungiu já pode ser considerado um dos nomes mais interessantes do novo cinema europeu. Após arrebatar a Palma de Ouro de Cannes com o arrasador 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, o diretor volta a investir na história de duas jovens garotas em Além das Montanhas.

    A trama é mais leve que a do outro filme citado, que mostra de forma crua um aborto feito na pior situação possível, mas a sensação de isolamento nas montanhas romenas acabam criando uma tensão tão grande quanto.

    Voichita (Cosmina Stratan) é uma jovem freira que mora em um isolado monastério na Romênia. Ela recebe a visita de Alina (Cristina Flutur), uma jovem que conhece desde os tempos do orfanato e que deixa a Alemanha para reencontrar a grande amiga. As duas ainda são muito próximas, mas Alina acaba se incomodando com o fato da amiga estar tão confortável em sua vida no monastério que parece não precisar mais dela.

    Por mais paradoxal que possa parecer, o longa é frio ao mesmo tempo em que emana fortes emoções. Tudo é tratado de forma delicada e sutil pelo cineasta, mas em nenhum momento o tédio toma conta do que vemos em cena.

    Com uma bela direção de fotografia de Oleg Mutu, que passa bem a sensação de isolamento das personagens em meio aquele cenário vazio, Além das Montanhas possui 150 minutos de duração e conta várias histórias neste período. Nestas duas horas e meia, nos deparamos com o reencontro de duas amigas que é seguido por uma série de situações que vão desencadear em um final surpreendente e belíssimo.

    O elenco principal conta ainda com as ótimas participações de Catalina HarabagiuDana TapalagaValeriu Andriuta, mas o grande destaque vai mesmo para a dupla principal. Stratan encanta pela beleza e delicadeza, passando bem a paz de espírito de sua personagem, enquanto que Flutur demonstra toda a urgência e o desespero de seu papel. Por sinal, as duas dividiram o prêmio de Melhor Atriz em Cannes pelas atuações.

    Sem usar de cores fortes ou discursos feitos, o longa aborta a religião e o sexo de forma que foge aos estereótipos comuns. Não se preocupa em fazer julgamentos ou apresentar discursos feitos.

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