Antes de tudo, você quer brincar de esconde-esconde? Invocação do Mal é um dos filmes que vi o trailer e pensei “quero muito, muito mesmo, ver esse filme”. Foi assim com Pain and Gain, por exemplo. E expectativas para mim só servem para acabar com as coisas. Nunca serão como você esperava (aconteceu com Pain and Gain). Felizmente, “maioria das vezes” não é o mesmo de “sempre”. Tudo bem, eu confesso que sou fã de carteirinha de filme de terror. Basta ter um “mal”, um “terror”, um “demoníaco” e coisas do gênero no título que meus olhos brilham. Mas mesmo os críticos mais ferrenhos dos filmes de terror tem que concordar que Invocação do Mal é espetacular.
O filme é baseado na história real de Ed e Lorraine Warren, casal famoso na década de 70 por investigar casos sobrenaturais. Por mais que possa parecer jogada de marketing, um filme com esse apelo já começa a chamar a atenção e a mexer com a imaginação antecipadamente. E o tema sobrenatural incita a curiosidade, logo temos um prato cheio para horas de pesquisas na internet sobre a história real na qual se baseia o filme! E falando em marketing, o trabalho da Warner foi primoroso, englobando teasers com os personagens reais (toda a família, assim como Lorraine Warren, estão vivos) bem como padre real em pré-estreia em casarão abandonado.
Todos os elementos clichês de um filme de terror clássico estão lá: Casa imensa e cheia de quartos no campo, porões, animais vendo e sentindo coisas. E por mais que isso possa parecer ruim, não é, pois todos os elementos são usados muito bem. O começo do filme com as duas histórias (casal caça-fantasmas e mudança/sofrimento da família) em paralelo funciona muito bem, dando ao espectador um falso sentimento de segurança quando os Warren chegam à casa para tentar resolver o problema (acredite, você já terá passado por tanto medo que não apenas sentirá, como desejará mais do que tudo esse falso alívio). E os sustos continuam a todo o vapor, fazendo a sua espinha gelar e todos os pelos do seu corpo se arrepiarem. O filme apresenta pouca ação em detrimento do terror em si. Mas nem se preocupe, este último é mais do que suficiente para te tirar o fôlego. Não quero revelar nenhum susto (por mais que possa parecer que o trailer mostrou tudo, pode acreditar, não mostrou), assim destaco apenas uma curiosidade: a boneca Anabela. Ela mostrou-se uma ótima oportunidade do diretor James Wan utilizar sua grande paixão: bonecos medonhos (sim, ele é o diretor de Jogos Mortais e seu famigerado Jigsaw).
Os atores fazem um trabalho fantástico, principalmente as cinco irmãs. Nada parece encenado ali, nos dando a sensação que os atores viraram os personagens, realmente acreditam em tudo aquilo e que estão amedrontados até os ossos. A trilha sonora também está maravilhosa, mesmo sendo composta por longos períodos de silêncio seguidos por barulhos (ou não), como deve ser em um bom filme de terror, nos fazendo pular da cadeira incontáveis vezes.
Dizem que mostrar o monstro acaba com o filme e que isso acontece em Invocação do Mal. Que nada! Só porque Stephen King dividiu o medo em três níveis não quer dizer que o Terror tenha mais efeito do que o Horror ou a Repulsa. Concordo com ele com relação ao primeiro ser mais trabalhoso de ser atingido, precisando de uma elaboração mais refinada. Mas discordo dos que dizem que o Terror é a única e verdadeira forma de assustar.
Assim, a metade final do filme continua tão assustadora quanto a primeira, com o medo nos atacando de uma forma diferente. Se antes era a tensão, o silêncio seguido do barulho, a insinuação, agora o medo é pelo bizarro, pelo feio, pelo monstruoso. A cena final do exorcismo me tirará algumas noites de sono, tenho certeza.
Acabei de escrever aqui e fui dar uma olhada nas críticas de diversos sites sobre cinema. Todas positivas. Nada mais justo. E se você ainda quiser brincar de esconde-esconde, lembre-se que pode bater palma três vezes...