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    Rebecca - A Mulher Inesquecível
    Críticas AdoroCinema
    2,5
    Regular
    Rebecca - A Mulher Inesquecível

    Drama sem emoção

    por Barbara Demerov

    Produções como a nova adaptação de Rebecca, A Mulher Inesquecível, distribuída pela Netflix, trazem sentimentos mistos, como expectativa e incerteza. Em casos como este, quem já conferiu o filme dirigido por Alfred Hitchcock (de 1940) dificilmente vai conseguir separar ambas as obras, ou até mesmo deixar de compará-las em algumas cenas e diálogos. Mas é claro que, para quem nunca ouvir falar na misteriosa Rebecca, a personagem que nunca aparece mas que é a essência da história, o entretenimento está ali, inegavelmente. 

    A produção é impecável, o elenco composto por Lily JamesArmie Hammer e Kristin Scott Thomas está alinhado e o clima sofisticado da narrativa nunca se perde. Mas, ainda assim, a sensação de que a produção sempre quer entregar algo a mais persiste até o fim, quando na verdade o enredo por si só já seria o suficiente para prender a atenção do espectador. Com isso, os cenários exorbitantes e o excesso de dramatização entregam o resultado reverso: ao mesmo tempo em que vemos mais do romance entre Maxim e a "nova" Sra. de Winter, há menos tensão no que diz respeito ao desaparecimento da mulher do título.

    É uma tarefa difícil não comparar as duas obras cinematográficas entre si, mas a versão de 2020 segue uma linha narrativa mais luxuosa, cuja direção não prioriza tanto a intensidade dos atores (como fez Hitchcock) mas todo o entorno de Manderley, local onde o Sr. de Winter reside. Essa é a principal diferença entre os dois filmes: enquanto o clássico, que já possui 80 anos, ressalta o talento de seu elenco formado por Joan Fontaine e Lawrence Olivier e garante o mistério através de suas expressões, o lançamento dirigido por Ben Wheatley procura a sustentação do suspense através de seus ambientes, da incógnita que paira no ar.

    O novo Rebecca procura destacar ao máximo o casal dentro na área romântica do que na de suspense. No fim das contas, existe uma pressa no desenrolar da narrativa, desde à apresentação da equipe que trabalha em Manderley até chegar à investigação da segunda Sra. de Winter sobre o que houve com Rebecca. A personagem de Lily James não só não possui um primeiro nome; ela percorre os corredores da mansão como se estivesse fugindo (e também indo atrás) de um fantasma que nunca conheceu, mas que possui força suficiente para assustá-la em vida. Este comportamento e o olhar do diretor para com a protagonista é interessente, mas vai se perdendo lentamente.

    MESMO COM VISUAL ESTONTEANTE, SUSPENSE DA NETFLIX NÃO ATINGE O MESMO NÍVEL DO CLÁSSICO DE 1940

    A atmosfera de Rebecca entrega inúmeros elementos que poderiam ser trabalhados em prol de uma construção mais rígida diante do suspense, mas as explicações surgem repentinamente e não impactam da forma esperada. A impressão que fica é de que o diretor se mostrou bem intencionado a homenagear a obra de Hitchcock e também a literária - ao mesmo tempo em que quis moldar seu próprio estilo, apresentando algo diferenciado (em uma roupagem mais moderna) diante de uma narrativa tão clássica quanto marcante.

    Porém, o resultado indica uma vontade de se estar em múltiplos lugares de uma só vez (o que implica em diferentes épocas e estilos de filmagem, algo complexo de ser alcançado), o que tira um pouco a identidade e a emoção da história. No caso de uma trama tão surpreendente quanto Rebecca, A Mulher Inesquecível, aqui faltaram elementos narrativos que pudessem fazer jus a cada plot-twist a fim de inserir este filme no mesmo patamar de seu predecessor.

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