Primeiro filme de Joseph Gordon-Levitt como diretor, "Don Jon" que recebeu o péssimo título de "Como Não Perder Essa Mulher". Existem filmes que não precisam de tradução.
O longa é altamente corajoso, ao abordar o tema da pornografia de forma explícita e mostrar os danos que ela pode trazer na vida sexual do viciado. Quem realmente já desfrutou do prazer de uma relação sexual de entrega entre homem e mulher, vai querer distância de algo tão superficial quanto a pornografia que a mídia joga na nossa cara. O filme apresenta uma cena de comercial de sanduíche que mostra a realidade dos comerciais de TV. A pornografia tem destruído muitos relacionamentos, inclusive de famílias cristãs, pois apesar de frequentarmos dominicalmente a igreja, somos imperfeitos como todo e qualquer ser humano.
No filme, somos apresentados a Jon (Joseph Gordon-Levitt) que mora sozinho e tem orgulho da vida que leva, sem se prender a alguém. Por mais que goste bastante de sexo, ele segue a filosofia de que nenhuma relação sexual é tão boa quanto pornografia, já que lá ele encontra exatamente o que quer.
Para ele, nenhuma mulher, por melhor que seja, consegue atingir o prazer que a pornografia aliada à masturbação são capazes.
Ao longo do filme, identificamos várias falhas de caráter do Jon. Ele é irado (especialmente no trânsito), metódico, perfeccionista, além de viciado em pornografia. Alguns de seus defeitos, provém de herança genética e das circunstancias a qual Jon esteve inserido. Logo, percebemos reflexos de seu pai em sua personalidade.
Entretanto, sua vida muda após conhecer numa boate aquela que seria a mulher nota 10: Barbara (Scarlett Johansson). Ele tenta levá-la para casa, mas ela faz jogo duro e nada acontece. É quando Jon percebe que terá mudar sua tática habitual, aceitando namorá-la e se submeter aos seus caprichos, caso queira ter algo com ela.
O elenco está muito bom. Joseph Gordon-Levitt tem carisma e promete uma carreira de sucesso, vide sua filmografia, que contém entre outros: "Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge" (2012), "A Origem" (2010), "500 Dias Com Ela" (2009) e "10 Coisas Que Eu Odeio em Você" (1999). Percebi alguma semelhança estrutural com o excelente "500 Dias Com Ela" (2009) de Marc Webb, talvez a questão da rotina muito bem mostrada em ambos os filmes...
O que dizer de Scarlett Johansson, atriz que se tornou objeto de desejo de tantos espectadores ao redor do mundo, esbanja beleza e sensualidade... Aqui ela surge como aquele tipo de mulher manipuladora, que consegue mandar no homem. A cena em que ela não deixa que ele entre no apartamento dela é algo extremamente excitante, em todos os aspectos. Sua personalidade é resumida na única fala de Monica Martello, irmã de Jon, que apesar de ficar o tempo todo no celular, captou a verdadeira Barbara.
Julianne Moore, sempre correta em seus papéis, surge como amiga e conselheira de Jon. Apesar de não ter o naipe da Bárbara, sua Esther tem conteúdo e isso faz toda a diferença num relacionamento. Resumindo, eu prefiro uma Esther (Julianne Moore) que uma Barbara (Scarlett Johansson), por mais absurdo que isto possa parecer.
Don Jon caracteriza bem a diferença entre amor e sexo... Pornografia dá prazer? Sim, mas não chega aos pés do que uma relação de entrega verdadeira entre um casal pode proporcionar, especialmente se esta relação for abençoada com a instituição do casamento.
O lance da igreja mostrado no filme é genial... Uma crítica pesada ao modelo católico de confissão e penitência. O filme tem muito haver com a série Caminho da Restauração que estou estudando na Igreja Batista Central. Vi vários passos claramente em tela (Realidade, Esperança, Compromisso, Limpeza, Transformação, Reparação, Manutenção, Compartilhar).
Merece ser visto. Apesar da hipocrisia de alguns que se incomodam de ver a verdade claramente exposta em tela. Recomendo. 10/10.