“Azul é a Cor Mais Quente”, filme dirigido e co-escrito por Abdelatif Kechiche, não é a primeira obra a falar sobre o desabrochar da juventude e sobre a descoberta do primeiro amor. Mas, sem dúvida, o filme francês vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cinema de Cannes 2013, é uma obra que quebra padrões, especialmente na forma como retrata uma história de amor tão intensa e verdadeira quanto os seus dois principais vértices.
Para os franceses, a cor azul já simbolizou a liberdade na trilogia dirigida por Krzysztof Kieslowski. Aqui, no filme de Abdellatif Kechcihe, a cor azul tem um significado completamente oposto àquilo que está normalmente ligado (tranquilidade, serenidade, harmonia, frieza, monotonia e depressão). Para a jovem Adèle (Adèle Exarchopoulos), uma estudante do colegial, o azul da cor dos cabelos de Emma (Léa Seydoux) que tanto lhe chamam a atenção, passam a representar para ela o calor, o conforto e o companheirismo advindos da descoberta e da vivência do primeiro amor.
Na forma como é retratada, especialmente no início de “Azul é a Cor Mais Quente”, Adèle nos passa a imagem de uma adolescente confusa, que ainda precisa encontrar seu lugar no mundo. E ela tenta isso por meio dos relacionamentos amorosos que estabelece, primeiramente, com Thomas (Jérémie Laheurte), e, posteriormente, com Emma. A verdade é que, com Emma, Adèle experimenta o amor na sua forma mais plena, na medida em que ela passa por um grande processo de amadurecimento, se descobre como mulher, expande seus horizontes e encontra o seu caminho. São essas transformações em Adèle, por meio da vivência do mais belo dos sentimentos, que são retratadas, de uma forma muito real, no filme de Abdelatif Kechiche.