A condição de existência romântica impacta qualquer adolescente na fina flor dos seus hormônios, principalmente se sua sexualidade esta em xeque. Em Azul é a cor mais quente (La vie d’Adele), vemos um mix de sentimentos que intensificam e explodem em uma dinâmica fotográfica que beira a perfeição, e que nos intriga em cada detalhe, nos levando a bela história de Adèle.
Uma adolescente como qualquer outra, Adèle (Adèle Exarchopoulos) segue sua rotina diária para os estudos, onde seu círculo social mais forte são amigos, e onde é mais pressionada sobre sua sexualidade ao ser percebida com sua nova e até então amiga, Emma (Léa Seydoux), uma estudante de “belas artes” que chama a atenção pela coloração azul cintilante dos seus cabelos. Daí por diante Adèle se envolve cada vez mais com a moça de madeixas azuis, nos enroscando em um esplêndido drama de amor com três horas de duração.
O filme francês dirigido pelo diretor Abdellatif Kechiche, abusa dos closes, que de certa forma nos faz mais íntimos das personagens, nos mostrando cada detalhe, cada olhar, cada ação dos mesmos, inclusive as senas de sexo onde vemos cada mínimo detalhe do ato de tal modo que a relação sexual entre as personagens pareça uma obra de arte perfeita, que alias é o intuito de Kechiche, pois ele tenta mostrar todas as facetas de um romance, e ele consegue isso de modo esplêndido!
Mas quem rouba a cena são as protagonistas, com atuações memoráveis! Léa Seydoux faz seu melhor papel da carreira corajosamente encarnando uma personagem homossexual que mostra seus sentimentos de forma tão intensa, o que comprova o apelo e a entrega da atriz. E a estrela principal não fica atrás, Adèle Exarchopoulos carrega o filme nas costas, conseguindo passar ao público cada detalhe do crescimento do personagem, nos emocionando com cada expressão facial, desde sua demonstração no ato sexual até seu sorriso, o modo como arruma o cabelo, o choro descabido... tudo em plena perfeição! Sua atuação é a melhor do ano, e reforça que ela tem um grande caminho a trilhar nas telonas.
Azul é a Cor mais Quente, peca um pouco no final, nos deixando com a sensação de que poderia ter um desfecho diferente, o que não tira o brilho do merecido ganhador da Palma de Ouro de Cannes, que com exímio requinte nos mostrou que o amor não tem ditames e nem porquês... Mas sim que ele é intenso e lindo em todas as suas ramificações!