Em 2007, Apenas uma Vez iluminou a carreira do diretor/roteirista John Carney, trazendo uma espécie de musical independente com comédia romântica, o que trouxe um inovador gênero ao seu público. Esse ano, John Carney retorna com Mesmo se Nada Der Certo, uma apaixonante obra-prima que reúne o sensível mundo de uma jovem cantora que perdeu o namorado e a desesperada e deprimente jornada de um produtor musical falido, cujas histórias se reúnem dentro do roteiro brilhante de Carney que afugenta personagens em busca de si mesmos, tentando buscar abrigo na romântica e moderna Nova York, o universo da desilusão e do amor.
Com uma história semelhante á Apenas uma Vez, é possível ver referências ao filme a todo o momento, inclusive em seu final. No entanto, mais uma vez, Carney mostrou seu talento como cineasta e surpreendeu a platéia com uma nova aventura romântica e musical, que é capaz de emocionar incondicionalmente a quem acompanha suas cenas.
Na dupla central, Keira Knightly (no papel de uma cantora britânica desiludida amorosamente depois de descobrir a traição de seu namorado) brilha num emotivo desempenho acompanhado pela personagem de Mark Ruffalo (um produtor musical divorciado, que vive em condições precárias e um tanto preocupantes devido ao seu fracasso no trabalho) e um elenco instantâneo e produtivo, que progressivamente sobressai como se cada ator fosse preparado automaticamente para seu personagem, tornando a história ainda mais real, apesar da mesma utilizar alguns truques que merecem destaque para fugir do clichê das comédias românticas hollywoodianas, já que o diretor utiliza (genialmente) técnicas presentes em filmes independentes, tais como algumas posições únicas da câmera, a fotografia, e outros meios semelhantes á produção de um filme caseiro. É um estilo metódico de reciclagem do gênero cinematográfico.
Então, a qual conclusão chego após assistir a essa deliciosa e divertida comédia romântica? Uma nota 10 seria pouco para reconhecer a contundente obra de arte ao tamanho do filme, que mistura drama e romance, comédia e musical, num estilo independente de filme independente, e que foge do clichê, apesar de tratar de uma história tão clichê, e o poder do diretor de reciclar histórias é o mais interessante observado em todo o filme. A forma de como os 104 minutos do filme são usados para causar impressões tão profundas e sentimentos tão divergentes de forma a fazer com que o público entre no ritmo das canções de amor em uma versão ultra-hipnótica. Mesmo se Nada Der Certo é (possivelmente) um dos melhores filmes do ano de 2014, uma obra-prima das comédias românticas modernas, uma jornada de compaixão, encontros e desencontros, que alucina e apaixona, dança e canta e abraça seu público.