“Razões mercadológicas cercam muitas continuações”. Essa é uma das máximas mais utilizadas nas criticas sobre continuações e que de certa forma resguarda um dogmatismo enigmático e emblemático sobre as franquias em geral. “Sobrenatural – Capítulo 2″, já dá a entender pelo próprio subtítulo, que não se trata de uma mera continuação, ou simplesmente existente por causa do sucesso de bilheteria do primeiro.
É claro que o primeiro, só assegurou a necessidade de um segundo, e nem por isso o público reclamará. James Wan, o mesmo diretor do melhor filme de terror do ano, “Invocação do Mal”, utiliza de “Sobrenatural 2″ uma forma de experimentar novas propostas e jogos de câmera, ainda que nem tudo de certo ou se encaixe na proposta do filme (sequências de horror explícito, não são com ele, pois afinal, estamos falando de espirítos). Waan, por exemplo, utiliza o estilo de câmera de “Atividade Paranormal” para causar a impressão de ambientes claustrofóbicos, em lugares escuros, e se inspira em Tarantino, com seus closes exagerados, para dar uma dimensão maior em falas ou momentos chaves do filme (e erra ao explorar muito pouco justamente o lado dramático da coisa).
A história, mesmo que em alguns momentos simples e até confusa, expande o universo do primeiro filme, criando novas perspectivas e gerando derivados dos filmes de espíritos e fantasmas, tal como o ótimo “Grave Encounters”. Não é nada de excecional e nem tão complexo de ser feito, contudo, cria um efeito visual diferenciado, renovando à todo momento, a expectativa pelo susto. E é aí que Wan se sobressai.
Na franquia (já podemos falar assim, porque o terceiro filme já foi confirmado) “Sobrenatural”, ele resolveu arriscar ao dar preferência utilizando o som, como principal fonte geradora de expectativa e suspense. Nessa linha de raciocínio, nem sempre o público percebe (isso se o cinema ajudar), que esta inserido dentro de grande sequência de sustos. Essa situação, enfatiza a necessidade de não olhar o filme como mais do mesmo, e sim uma construção natural e cronológica das consequências do primeiro filme.
Quando vemos um elenco encabeçado por nomes como os ótimos Patrick Wilson e Rose Byrne, voltando a seus papeis originais, percebe-se que tanto os atores como o os produtores tem confiança em pleno funcionamento mercadológico e crítico mundial do filme. Sendo assim, é possível afirmar que Wan não é uma escolha óbvia, muito menos fácil (a crítica não concorda com os elogios ao diretor). Seus últimos 3 filmes, exclusivamente de terror ou suspense, tem temática parecida, mesmo apuro visual, mas são totalmente distintos no que tange a direção.
O Malaiano não é um diretor incrível, mas não foge de seus temas e sempre agrega novos elementos aos seus filmes. Em um mercado, que esta cercado de filmes datados, de pura e simplesmente ganância pela necessidade de se ganhar mais dinheiro, “Sobrenatural 2″, se mostra um exemplo do contra fluxo, do pensando de que não é mais um filme, mas sim a segunda parte, de uma obra em construção. Basta agora, se fixar em um estilo, não experimentar tanto e finalizar a franquia com maestria.