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    Amigos Inseparáveis
    Críticas AdoroCinema
    3,0
    Legal
    Amigos Inseparáveis

    Louca parceria

    por Roberto Cunha

    Se existe a teoria de que as bebidas melhoram com o passar do tempo, no cinema essa lógica não faz muito sentido, uma vez que sistematicamente se acompanha a migração de bons atores para a TV. Felizmente, alguns empreendedores aparecem para quebrar paradigmas, seja por insistência em não "sumir" do mapa ou pura vontade de alguém em aproveitar talentos. Sylvester Stallone ilustra o primeiro caso com Os Mercenários, bem sucedida reunião de uma clássica tropa de elite do cinema de ação. Amigos Inseparáveis pode ser enquadrado no segundo caso, com seus três veteranos experientes, premiados e até cultuados.

    Uma boa abertura ao som de "Hard Times", de Baby Huey, reforça a realidade distinta dos protagonistas nos últimos anos. Val (Al Pacino) acaba de sair da prisão após cumprir 28 anos e foi recebido por Doc (Christopher Walken), um velho amigo do crime. "Meio que senti sua falta", diz um deles. A grata surpresa vem quando Doc, embora livre durante esse período, conta que também precisa cumprir uma pena: vingar o filho único de um criminoso, assassinando o responsável pela morte dele. É quando se descobre que o "stand up guy" do título original são os caras que não abrem o bico e não cedem quando pressionados. E é ai que começa um interessante jogo no melhor estilo "nada a perder", botando os coroas numa espiral de acontecimentos que vai durar menos de 24 horas.

    Fazendo uso da boa e velha contagem regressiva, já que o serviço precisa ser feito em algumas horas, o roteiro do novato Noah Haidle não tem nada de primoroso, é bem esquemático, mas nem por isso deixa de funcionar. As licenças criativas existem e movem a trama sem deixar você de fora, convidando-o a aceitar o embarque nesta inusitada viagem com mais um passageiro: Hirsch (Alan Arkin), resgatado de uma casa de repouso. Escorado na boa trilha de Jon Bon Jovi, o texto tem humor, tira sarro da hipocondria, da religião e parece citar Perfume de Mulher, que rendeu um Oscar para Pacino. Da série coincidência ou não, Julianna Margulies trabalha na emergência de um hospital e remete ao seriado Plantão Médico (E.R.). Mas seu papel aqui é descartável, assim como a cena rodada ali com um deles sofrendo overdose de remédios para ereção.

    Entre roubos, bebidas e drogas, a recuperação da antiga adrenalina é o combustível que fará esses velhinhos mucho locos roubarem bandidos, trocarem sopapos e tiros, se meterem em perseguição policial e até em outra vingança pessoal. Bem conduzida por Fisher Stevens, conhecido como ator em papéis secundários, essa comédia dramática tem ação e suspense para agradar uma boa parcela do público, principalmente, aqueles que admiram o trabalho dos veteranos, aqui numa louca parceria na ficção.

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