Brad Pitt, Penélope Cruz, Javier Bardem, Cameron Diaz, Ridley Scott e diversas críticas negativas. É claro que existia alguma coisa errada aí e eu tinha que ver o que era. O Conselheiro do Crime realmente é um filme que poderia muito mais. Um elenco tão estrelado e um diretor tão renomado tinham a obrigação de oferecer mais ao espectador. Porém não é esta aberração completa que estão espalhando por aí. Eu como grande fã de Brad Pitt fui ver a película na tela grande.
Já na primeira podemos notar o teor do filme: o Conselheiro (Michael Fassbender) – sim, ele não possui nome, apenas esta alcunha - em momentos íntimos com sua namorada Laura (Penélope Cruz), tudo de forma bem intensa, crua. A entrega ali é bastante real e convincente, agarrando muito bem a atenção do espectador. Porém a partir daí o filme começa a perder um pouco de consistência e acaba se tornando bastante solto e muitas vezes monótono. O enredo nos passa uma falsa sensação de reviravoltas por acontecer, mas tudo já foi bem explicado. A lição que fica, muito bem explicada
em uma das conversas finais do personagem principal, é que todas as nossas ações e escolhas tem consequências e que muitas vezes o melhor caminho é a aceitação. Mudanças podem ser possíveis em outras histórias, novas histórias. O Conselheiro fez sua escolha errada ao embarcar no mundo das drogas no México. Como cita muito bem Westray, personagem de Brad Pitt, “Jesus não nasceu no México porque lá não existiam três sábios e uma virgem”. Por mais que pareça preconceituoso e denigrativo, é o melhor retrato do México atual onde os carteis de drogas realizam atos tão absurdos que nos deixa com dúvidas se existe algo com um pouco de raciocínio naquilo tudo, ao tempo que a população se cala, perde qualquer eventual pureza que possuísse e se acostuma com toda a carnificina cotidiana. A vida de luxúria e ostentação levada por Reiner (Javier Bardem), acaba por camuflar os perigos desta nova empreitada na América Latina e no fim o Conselheiro, por mais que fosse aconselhado por todos durante todo o filme, acaba tendo que arcar com as consequências de seus atos
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A impressão que o calcanhar de Aquiles de todos os homens são as mulheres fica bem clara com as ações de Malkina (Cameron Diaz), uma mulher capaz até de tirar a paciência de um homem santo como um padre. E na companhia dos seus melhores amigos, os diamantes – descritos de forma bem técnica e convincente na conversa do Conselheiro com o joalheiro no começo do filme – acabam se tornando a armadilha mais perigosa para qualquer homem, seja ele alguém poderoso ou não.
Reiner, que “sempre gostou das mulheres inteligentes apesar de elas serem um hobby muito caro”, não fazia ideia do poder das suas palavras ao mencionar que “você não conhece alguém até saber o que ele quer”. Acaba sentindo a repercussão disso tudo da pior maneira possível como é possível presenciar no final do filme
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A dinâmica escolhida por Ridley Scott acabou se tornando um ponto negativo do filme. Este apresenta diversos personagens não explicados e mal encaixados que mereciam uma apresentação mais profunda no enredo. Coisas acontecem sem explicação nem conexão, sempre na tentativa de aconselhar o Conselheiro por ter feito as escolhas erradas. Isto tornou o filme confuso, sem dúvidas.
O ponto alto do filme está nos diálogos densos, intricados e profundos desenvolvidos principalmente pelo Conselheiro com Westray e Reiner. São conversas que te fazem pensar bastante, mas que infelizmente não foram bem conectadas durante o filme. Separadas apresentam um alto teor de abstração e imersão no tema e com certeza seriam um excelente motivo para assistir o longa novamente e tentar se aprofundar mais em cada uma delas. As atuações também são um destaque, porém a impressão que fica é que o elenco estelar de O Conselheiro do Crime não fez uma escolha sensata ao participar deste filme.
O novo filme de Ridley Scott acaba sendo muito menos do que se propõe a ser. É um filme muito morno, que se perde em sua própria confusão, apesar de ser bastante cruel e selvagem – qualidades interessantes para segurar um público mais velho e adulto, mas que aqui não serviram para os seus propósitos. E por mais que os diálogos sejam tentadores, apenas eles não são suficientes para manter a atenção do público. O Conselheiro do Crime é a prova de que Hollywood às vezes erra feio, mesmo usando o que tem de melhor entre seus atores e diretores.