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    Totalmente Inocentes
    Críticas AdoroCinema
    1,5
    Ruim
    Totalmente Inocentes

    Pastiche

    por Francisco Russo

    É possível ter a certeza do sucesso quando algo passa a ser satirizado. Afinal de contas, o objeto em questão se tornou tão popular que é automaticamente identificado pelo público em geral, possibilitando que cópias surjam a partir dele. Por este lado, tanto José Padilha quanto Fernando Meirelles devem se sentir honrados, já que os dois Tropa de Elite e Cidade de Deus são a matéria-prima principal de Totalmente Inocentes, comédia que não existiria se os filmes anteriores não tivessem sido feitos. Prova também da força de parte do cinema nacional recente, por criar ícones tão relevantes a ponto de resultar em um novo filme. O problema é que, por mais que Totalmente Inocentes seja bem intencionado, ele se perde por completo na história e na linguagem proposta.

    Querendo capturar o público adolescente, o diretor Rodrigo Bittencourt resolveu dar ao seu filme de estreia uma linguagem pop. Ou seja, há edição videoclipada, há onomatopeias aparecendo na tela – no melhor estilo da antiga série de TV do Batman -, há diversos truques sonoros e visuais de forma a fazer alguma piada rápida. Há também o inacreditável Felipe Neto, em um personagem escancaradamente copiado da série Gossip Girl. Cabe a ele interpretar uma espécie de narrador da trama, que conta o que acontece com os personagens com aquele suingue sangue bom de carioca malandro, carregado no sotaque e nas gírias. Com um detalhe: sempre que ele aparece é possível conferir a barra de rolagem abaixo, para ficar bem nítido que está em uma espécie de videoblog, antenado com o que há de mais moderno. Estiloso, irritante e ridículo, na proposta e na apresentação.

    O filme também peca no exagero em certas piadas apelativas, como o flagra de um argentino saindo de um motel com um travesti – o troco do episódio envolvendo Ronaldo Fenômeno? – e a presença de um consolo nas mãos da Diaba Loira, chefe do morro do DCC, ao ser capturada. Curiosamente, no decorrer do filme a história fica cada vez mais infantilizada, já que o trio Da Fé, Bracinho e Torrado ganha espaço na trama. É neste momento que o filme cresce um pouco, já que surgem algumas boas sacadas, como a maldição de Tropa de Elite 2 e a disputa entre o BOPE e a Polícia Militar. Ainda assim, é bem pouco para compensar o lado estridente da primeira metade.

    Totalmente Inocentes é um filme pouco criativo, que até acerta na escalação de certos atores – Fábio Porchat, Leandro Firmino da Hora e Fábio Lago -, mas não consegue aproveitá-los dentro da história como um todo. O trio acaba rendendo mais pelo histórico de cada um e os contrastes físicos com os personagens que representam, jamais pelas situações por ele estreladas. O resultado é um filme cansativo, que não explora de forma convincente o material que tem em mãos. Fraco.

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