Com um dos roteiros mais realistas e coerentes da história do cinema, "O Som Ao Redor" é um daqueles raros filmes aparentemente simples, mas com tantas subjetividades que impressiona. Retratando as contradições, realidades da classe média brasileira atual (fazendo claras assimilações com o passado brasileiro) o filme constrói um grande olhar sobre a sociedade; sem julgamentos, apenas observa, aponta as contradições e mostrando toda a realidade. Parece que estamos vendo nossos vizinhos, conhecidos, porém, como entramos dentro das residências, dentro do quarto, recebemos o estranhamento, como se agente estivesse invadindo a privacidade deles. Para quem gosta de filme de arte é um prato cheio, mas para quem estar acostumado com o comida mastigada de Holywood não irá se envolver, afinal, não há efeitos epeciais, melodrama açucarado, suspense alà James Bond, romantismo de novela das oito e nem nada banal. Tudo é real, ou melhor, assustadoramente real. O Brasil inteiro estar lá. Basta você tem mente aberta para perceber. O NY Times não ia elogiar um filme brasileiro, sem atores famosos ou diretor "do clubinho" atoa. Vale destacar os sons que o diretor capta: o telefone tocando, o som do elevador, o latido do cão, a construção do prédio... E ainda brinca com a trilha sonora. Pode ser loucura minha, mas tive a impressão que é uma "zoação" com Holywood, quando o casal estar na antiga casa, uma música de suspense toca, como se algo fosse acontecer - típico do cinema comercial norte americano. Mas é tudo... Assista e verá.