Com a Comic-Con International 2016 realizada na cidade de San Diego-Califórnia, veio a revelação de que o filme cujo nome estava sendo divulgado como ''The Woods" é na verdade o segundo filme derivado de ''The Blair Witch Project" de 1999, e que seu verdadeiro título será "Blair Witch". O aparecimento de um terceiro filme foi uma grande surpresa para o público, que entrou para a lista dos mais esperados do segundo semestre de 2016. O filme não só levará muitas pessoas a rever o clássico (instantâneo) de 1999, como também fará com que pessoas que nunca viram - como era o meu caso -, vejam.
Apesar de se ouvir muito por ai que "Ther Blair Witch Project" foi o primeiro filme found footage a ser idealizado na sétima arte, isto não é verdade. Um exemplo de filme anterior ao Bruxa de Blair que usou esta técnica de filmagem é o "Cannibal Holocaust", de 1980. Mas uma coisa não se pode negar: "Ther Blair Witch Project" realmente foi o responsável pelo boom dos filmes deste gênero de filmagem. E vamos concordar, não é pra menos.
Toda a atmosfera criada pelos diretores Daniel Myrick e Eduardo Sánchez em torno do filme resultou em uma ótima atuação por parte dos três atores principais, que inclusive acreditaram que a lenda da Bruxa de Blair era verdadeira até o dia da estreia do filme no Sundance Film Festival de 1999, quando os criadores do filme admitiram ser também os criadores da lenda. Não só por isso, a bela atuação do elenco foi o resultado de um longo trabalho de imersão sobre os atores que não parou por ali: os três atores realmente foram deixados sozinhos com as duas câmeras, se comunicando apenas via walkie-talkie com os diretores;
a cena da barraca mexendo foi uma surpresa para os atores, que realmente se assustaram; a cena em que os atores andam o dia todo na direção sul e acabam retornando para o mesmo lugar realmente aconteceu, e o que se vê é uma reação de verdadeira indignação por parte dos atores, que andaram todo aquele tempo para nada.
Com a aliança entre o estilo de filmagem found footage e a bela atuação dos atores, o filme proporciona uma ótima atmosfera imersiva e assustadora que consegue se manter até o final do filme, conseguindo passar ao espectador os sentimentos que os personagens estão sentindo.
A não ser por uma falha de roteiro na cena em que Heather (Heather Donahue) encontra o dente, sangue e cabelo de Josh (Joshua Leonard), e grita de maneira que qualquer um que estivesse por perto em um ambiente como uma floresta teria ouvido. Apesar disso, Mike (Michael C. Williams) que momentos atrás estava na barraca, ao lado de onde Heather grita, age como se nada tivesse acontecido, e até pergunta porque ela está agindo de maneira estranha, se portando como alguém que não ouviu o grito. Nesse momento pode até se dizer que a imersão é momentaneamente cortada, mas é uma coisa realmente momentânea.
Para dar sentido à história do filme a personagem Heather teve que apresentar uma mania de filmar tudo o que acontece, mesmo depois da merda acertar o ventilador, o que seria estranho, se não fosse a função de Mike como o personagem que diz o que o espectador pode estar pensando, com falas ironizando a mania de filmagem da personagem, e até pedindo várias vezes para que aquilo parasse.
Na cena final do filme, a maneira com que o som dos gritos de Heather aumenta paulatinamente, e ao mesmo tempo rapidamente, à medida que ela se aproxima da câmera de Mike que estava gravando o áudio, deu um tom sombrio ao filme, e ao mesmo tempo genial.
Estes são alguns dos fatos que evidenciam o ótimo e original trabalho de Daniel Myrick e Eduardo Sánchez em "The Blair Witch Project", e provam que o sucesso do filme não se devem somente à grande estratégia de marketing que deixa muita gente pensando até hoje se o filme é uma história real ou não. Apesar disso, não vimos até hoje um trabalho à altura, e muito menos digno, dos autores/diretores, infelizmente.