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    O Homem Que Não Dormia
    Críticas AdoroCinema
    1,5
    Ruim
    O Homem Que Não Dormia

    Transgredir por transgredir

    por Lucas Salgado

    O mais triste com relação a O Homem Que Não Dormia é saber que tinha material para se tornar um grande filme. Possui momentos marcantes e cenas memoráveis, como aquelas em que um padre procura ajuda de outras religiões para lidar com seus problemas, mas infelizmente se perde na vontade absoluta de transgredir.

    Não há problema em um diretor buscar ultrapassar os limites do cinema convencional, mas deve evitar que tal caráter transgressor ultrapasse não aquilo que a sociedade julga adequado, mas sim aquilo que é necessário para o longa em termos de narrativa.

    O filme conta com inúmeras cenas de sexo e nudez completa, sendo algumas delas importantes para a história e outras que estão ali só para polemizar, como a que mostra dois homens masturbando um ao outro. Tal sequência não envolve nenhum personagem importante e não possui nada que a precede ou que a segue em termos de narrativa. Ou seja, está ali apenas para chocar.

    Toda crítica a esse tipo de cena pode ser acusada de uma espécie de puritanismo, mas é importante reforçar que não é o caso. Inclusive, penso que o filme erra ao não colocar o ator principal completamente nu na sequência final. Aquela cena, em que ele se liberta daquilo que o segura, merecia uma abordagem mais radical, tendo ficado fora de tom com relação ao restante da obra.

    O Homem Que Não Dormia, ainda assim, é um filme com bons momentos. Os atores se entregam de corpo e alma aos personagens e isso pode ser visto em cena. Também se destacam a fotografia de Hamilton Oliveira, o figurino de Diana Moreira e a trilha Tuzé de Abreu e André T. Já a edição de Cristina Amaral e Pablo Oliveira sofre com alguns percalços, em especial no que diz respeito ao excesso de flash backs. Mas aí, obviamente, é uma responsabilidade que deve ser dividida com o diretor e roteirista Edgard Navarro.

    Navarro é um veterano cineasta brasileiro, muito conhecido por curtas metragens como Superoutro, mas que realizou apenas dois longas, contando com este em análise. Seu primeiro longa, Eu Me Lembro, conquistou prêmios e foi muito elogiado pela crítica. Tinha como principal marca o lirismo, algo que está presente em O Homem Que Não Dormia, mas sem a mesma força narrativa.

    O roteiro conta com frases de efeito batidas, como a que diz que quem gosta de sexo é homossexual e que mulher gosta de dinheiro. Sério, esta fala está no filme. Ainda assim, o texto de Navarro conta com contestações interessantíssimas, em especial no campo religioso, a começar pela frase que abre a produção: "Seja cristão ou não, receba no coração".

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