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    Os Monstros
    Críticas AdoroCinema
    1,0
    Muito ruim
    Os Monstros

    ASSUSTADOR

    por Roberto Cunha

    Sinopses de filmes são importantes, principalmente, porque ajudam a "vendê-los". Que o digam os inúmeros títulos lançados ao longo dos anos diretamente em locadoras, que sobrevivem - muitas vezes - graças aos seus respectivos resumos. Quem algum dia foi "rato de locadora" sabe bem o quanto elas ajudam a salvar títulos que ficariam esquecidos. Por outro lado, se a frase "nenhum homem é um fracasso quando tem amigos" é a sinopse oficial de um filme, o que pensar dele? Ou melhor, como "comprá-lo"?

    Se a primeira impressão que fica não é das mais favoráveis, pior é constatar que a máxima segue valendo porque durante os cinco minutos iniciais você encara um sujeito produzindo um som (?) com um instrumento de sopro, lá pelos 10 minutos você tem o primeiro diálogo (?) e logo em seguida tropeça com o personagem chapadão durante longos três minutos numa escada.

    Produzido pela mesma trupe de Estrada para Ythaca, turma do já chamado novíssimo cinema brasileiro, pode até ser que eu não tenha captado ainda a mensagem dos criadores ou não seja dotado de inteligência suficiente para mergulhar neste singular universo, mas o fato é que esse começo foi marcante.

    Na história (?), o tal músico levou um pé no traseiro de sua companheira, saiu perambulando pela noite e chegou no endereço da citada escada onde se prostrou. Depois da acolhida dos dois amigos residentes no local, os três trocam ideias (?), tomam decisões (?) profissionais e pessoais e, bem mais adiante, recebem a adesão de mais um integrante para formar um quarteto em si. Apesar do trocadilho com o famoso grupo vocal dos anos 60, sonoramente falando, fica o alerta de que a distância entre o que as irmãs Cybele, Cylene, Cynara e Cyva produziram e o que eles fazem - no filme - é monstruosa.

    Se as imagens são longas e podem exigir abissal percepção, os diálogos fogem a compreensão dos simples mortais e reservam pérolas: "A comodidade está vencendo o risco". Numa tentativa de valorizar as relações de afeto, como a paixão e a amizade, o texto diz que "vinho é como mulher" e um personagem proclama amar sua parceira "com toda a violência e ternura do mundo". Percebe a profundidade?

    A curiosidade dupla vai para uma das sequências com tons proféticos e enigmáticos. Nela, o músico toca (?) num bar com meia dúzia de gato pingados e ao final da execução sumiram todos, para em seguida entrar uma dupla (voz e violão) cantando um sucesso de Djavan. A profecia fica por conta de que pode acontecer o mesmo nos cinemas se meia dúzia de desavisados sentar na sala escura esperando uma coisa, encontrar outra e sair antes do fim. Já o enigma é saber qual seria a real intenção da "djavaneada". Deboche ou homenagem?

    É imprescindível lembrar que trata-se apenas de uma opinião, mas o que se vê são poucos e toscos diálogos, conflitos apresentados com a fragilidade de um cristal, imagens sujas, leves como uma bigorna, além de um "tique" cinematográfico (tomadas de câmera na mão registrando o(s) protagonista(s) caminhando de frente), que pode ser toque de genialidade para uns e somente repetição para outros.

    Assim, para tudo terminar em festa, a celebração da liberdade e virada de vida dos quatro é feita através de intermináveis 14 minutos de uma jam session e salve-se quem puder. Porque os monstros vêm aí! E é assustador.

    Assista os trailers, veja imagens e curiosidades em Os Monstros.

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