"A Suprema Felicidade" é um retorno de Arnaldo Jabor à direção de filmes, concordo com o crítico Roberto Cunha, apenas mediano. Diretor de grandes filmes como: Toda nudez será castigada, texto de Nelson Rodrigues, referência clara literária no filme de 2010; Eu sei que vou te amar, no qual Fernanda Torres detona; Tudo Bem e até a alegoria Pindorama, mas com A Suprema Felicidade faltou algo. Contudo, quero ressaltar alguns pontos positivos no filme: trilha sonora (ária italiana bem usada em um determinado momento sugestivo do filme); reconstituição de época do Rio de Janeiro do início dos anos 50; boa fotografia; boas atuações de todo elenco: Marco Nanini rouba a cena; João Miguel tem uma personagem válida para o contexto do roteiro das descobertas sexuais dos jovens personagens masculinos; boa reconstituição da boêmia carioca dos anos 50, o filme mostra muito bem o declínio (início) do conceito do fato da cidade do Rio de Janeiro ser conhecida por "cidade maravilhosa"; bordéis decadentes; porém, a crítica às escolas católicas e até a instituição da Igreja é muito bem feita pelas personagens de Jorge Loredo e Ary Fontoura (padres no filme, ironia pura); as questões sobre iniciações sexuais foram bem trabalhadas; e também sobre prostituição, primeiros amores e homossexualismo velado também foi trabalhado, de forma sensível, diferente, por exemplo, de algumas questões no mesmo filme, como bizarrice, violência, sexo, palavrões. A colcha de retalhos que vc fala, Roberto Cunha, existe e vc compreendeu e percebeu bem, é uma falha e a maior do filme, porém, para mim não compromete o entendimento do roteiro/enredo e até facilita as reflexões que o filme propõe. As personagens são bem construídas, defeito seria aparecerem do nada, sem muitas explicações, mas isso é o de menos, pois o filme consegue mantém o ritmo narrativo. O título do filme é ironia pura do Jabor (coisa típica dele) Suprema Felicidade, nada, é muita infelicidade e melancolia: família se desestruturando, pais sem dialogarem com o filho, dúvidas, anseios existencias, angústias, dúvidas sobre sexualidade, etc. Questões amorosas tb são abordadas. Mas, a suprema felicidade mesmo é O Avô Noel (Nanini, impagável!) dizer que "o amor é foda, e que ele foi feliz por apenas dez minutos, o resto de sua vida ele foi apenas alegre. Pois, a boêmia decaiu, a dele e a do Rio de Janeiro, a da Lapa também. Referências literárias a Drummond e Bilac. e até tratou de espiritismo. Muitos assuntos? talvez. Outra falha? talvez. Mas, às vezes, são necessários filmes assim para fazer pensar durante dias sobre diversas questões filosóficas e existenciais. Acho, enfim, que o filme é regular, mas é um bom retorno de Jabor ao cinema como roteirista e diretor. Só acho exagero ele falar que o seu filme é uma espécie de Amarcord brasileiro. Foi muita pretensão! Valeu! Nota: 8,0.