O Contestado - Restos Mortais: Crítica AdoroCinema

O Contestado - Restos Mortais busca resgatar a história por traz da Guerra do Contestado, importante conflito armado que ocorreu no início do século XX, mais precisamente entre 1912 e 1916, na fronteira entre os estados de Santa Catarina e Paraná. 

O confronto, muito conhecido no sul do Brasil, é praticamente ignorado nas demais regiões. Diante disso, o filme tem a importante função de jogar uma luz sobre o episódio, que envolveu posseiros, índios, negros, imigrantes e fanáticos religiosos. O que surgiu de um surto messiânico acabou num episódio brutal de repressão por parte do exército brasileiro, que invadiu a região e assassinou brutalmente pessoas envolvidas no movimento.

Assim, é certo dizer que o longa teria uma importância histórica significativa. Mas por quê o "teria"? É simples, infelizmente, o diretor Sylvio Back optou por inserir em seu filme depoimentos de médiuns em transe. Ou seja, temos pessoas incorporando espíritos do passado, que viveram a guerra, e dando entrevistas para o documentário.

A crítica não deseja debater a questão religiosa, mas é inegável que em termos de valor histórico a produção perde muito. É inaceitável que um documentarista, no caso um contador de histórias, utilize espíritos como fonte de informação.

O pior é que a participação dos médiuns não é nada fundamental, mas excessiva. São vários "depoimentos". Se cortados poderiam muito bem aliviar as quase duas horas de duração e tornar a experiência menos cansativa e mais proveitosa em termos históricos.

Moradores da região, historiadores, professores e militares também foram ouvidos pelo cineasta, mas é notório ao final que mesmo com tantas entrevistas, ele não consegue explicar bem o que foi o contestado. A impressão que fica é que o longa aposta na verborragia e não na informação.

É claro que é possível absorver várias informações, principalmente através das falas dos profissionais de história. Afinal, eles pesquisaram isso. Os depoimentos dos moradores são sempre no sentido de que "ouvi meu pai dizer que...". Obviamente, em razão da questão temporal, não seria possível escutar pessoas que participaram do movimento, ainda assim seria importante não abusar de falas repetitivas e no mesmo sentido. 

Back, que já havia estudado movimentos no sul em Guerra do Brasil - Toda Verdade Sobre a Guerra do Paraguai e A Guerra dos Pelados, não se sai nada bem na nova empreitada.