O casal Vilfredo e Heloísa Schürmann descobriram sua paixão pela navegação quando viajaram para o Caribe em 1974. Daí em diante, a dupla foi ganhando conhecimento teórico e prático da vida marítima. Tamanha era o fascínio pelo mar que o casal resolveu largar as profissões para passar a vida nos braços de Netuno. Boa parte da criação dos filhos do casal ocorreu em alto mar. E foi justamente um dos filhos, David, que dirigiu o filme. A idéia que vinha tomando formato na cabeça da família Schürmann era fazer o mesmo trajeto que Fernão Magalhães havia feito há 500 anos quando descobriu o caminho alternativo para atingir as Índias. O navegador português não conseguiu atingir o seu intento, visto que foi morto em Bornéu, na Oceania, porém, a família Schürmann teve sucesso na empreitada. Foram praticamente 2 anos de viagem documentadas em mais de 100 horas de filmagem, que foram reduzidas a 90 minutos. Mais bela que as paisagens da Patagônia, da Ilha de Páscoa, de Samoa, das Filipinas, de Madagascar, do Cabo da Boa Esperança, de Cabo Verde, de Sevilha e de Porto Seguro, foi a idéia de colocar em forma de cartoon a viagem de Fernão de Magalhães em pararelo com a navagação da família. O resultado positivo do documentário se deu muito em função da comparação com a viagem do português que foi procurar financiamento para seu projeto no maior inimigo da coroa portuguesa: a Espanha. Com mais de 300 tripulantes, Fernão partiu com o objetivo de chegar às Índias. Mal sabia ele que apenas 18 homens iriam sobreviver, bem como o mapa geográfico da terra iria ser modificado de forma marcante. A passagem mais pitoresca da viagem foi descrita por Heloísa. Quando uma indígena de Samoa ao ver os filhos loiros do casal, pediu emprestado o seu marido por algumas noites para que pudesse ter crianças "loiras". Ah, se essa idéia pegasse por aqui... A despeito do fato das navegações serem muito mais fáceis do que na época em que o sr. Pedro das Tamancas descobriu o Brasil, devido à toda tecnologia atualmente existente, não é nada fácil ficar morando um dia em cada porto. A Polinésia é maravilhosa, mas levar uma vida totalmente desprovida de "roteiro" pode ser algo impossível para a grande maioria dos mortais.