Feminices: Críticas

O diretor e ator Domingos de Oliveira é autor de inúmeros filmes e peças teatrais. Talvez o seu trabalho mais conhecido seja "TODAS AS MULHERES DO MUNDO", que contava com ninguém menos que Leila Diniz no elenco. Com um orçamento de R$ 15 mil, isso mesmo, você leu corretamente, apenas 15 mil reais, Domingos de Oliveira filmou em 8 dias a peça de Clarice Niskier, "CONFISSÕES DAS MULHERES DE 40". O filme retrata o encontro de quatro mulheres que estão elaborando o roteiro para uma peça que discutisse o cotidiano feminino, classe média, daquelas que já ultrapassaram a linha dos 40 anos. São elas: Diana (Priscilla Rozenbaum), Isabel (Dedina Bernardelli), Bárbara (Cacá Mourthé) e Eugênia (Clarice Niskier, autora do texto). Elas falam sobre casamento, amor, sexo, trabalho, filhos, frustrações e amizade. O segredo do sucesso do filme é o fato de que os depoimentos parecem reais, que não foram resultados de ensaios, mas sim que fluiram de forma natural pela boca das quatro mulheres. Os homens também foram lembrados na medida em que trechos de entrevistas com Ricardo Kosovski (ator), Aderbal Freire Filho (diretor de teatro), Luis Alberto Py (psicanalista), Eduardo Wotzik (diretor de teatro) e José Bechara (artista plástico) foram enxertados. No filme, os homens perderam de goleada. Nenhum deles conseguiu falar algo interessante sobre o universo feminino. São elas que estão com tudo. O(s) telefone(s) cumprem um papel importante na vida das quatro mulheres. É impressionante a quantidade de vezes que os celulares tocam, dando uma ênfase maior no caráter documental do filme. O diretor Domingos de Oliveira que faz o papel do marido de Diana (e é de fato esposo dela na vida real) se apropria da realidade que ele tanto conhece (a da classe média carioca e da classe artística), dá trela às mulheres, e chega a um resultado antropológico importante, pois disseca como um anatomista o seu meio ambiente. Se a seleção brasileira improvisasse tão bem quanto estas quatro senhoras, com o perdão do termo, teríamos ganho a Copa do Mundo de 2006 com o pé nas costas. Domingos de Oliveira fez uma brincadeira que deu certo. Sorte nossa!