Em Suas Mãos: Críticas

Sempre considerei o Dogma muito mais uma jogada de marketing do que um meio de se fazer bons filmes. Com o abandono dos seus criadores Lars Von Trier e Thomas Vinterberg, esta situação ficou ainda mais visível. Nos últimos anos os filmes do Dogma têm sido feitos quase sempre por diretores pouco conhecidos, que às vezes nem precisam usar as regras do Dogma para rodar a história mas, é claro, se assim fizesse teria uma divulgação extra. É só conferir quantos filmes fiéis ao manifesto Dogma que tem chegado ao Brasil sem qualquer outra referência que não seja esta. Este é o caso de "Em Suas Mãos". As regras do Dogma não chegam a incomodar, apesar de serem desnecessárias para se contar a história. O problema maior do filme é sua lentidão, que faz com que seja extremamente arrastado. Tem pouco menos de 2 horas de duração, mas a impressão que fica a quem assiste é que é bem mais longo do que isso. O filme trabalha três situações: a possibilidade de aborto quando é detectada uma possível deformação no feto, o funcionamento de uma prisão feminina e o lado religioso presente através de um prisioneira que possui certos dons. Todas sempre em ritmo morno. Um lado interessante do filme é acompanhar e questionar as decisões da personagem grávida. Soa estranho a falta de debate em torno de certas características dela própria: ter 35 anos, com grandes dificuldades em engravidar, 1º filho, pastora, pregadora do cristianismo (ou de alguma outra religião baseada em Cristo, o filme não é claro neste ponto). Mas, se o filme praticamente ignora estes dados, fica ao menos a possibilidade de pensar sobre o assunto após sua conclusão.